Uma das mais belas do mundo, a Serra Catarinense também exigiu algumas das tecnologias mais avançadas do planeta para a instalação do gasoduto que leva gás natural para a região. A obra, com 221 quilômetros de extensão e feita em 14 anos, foi inaugurada na noite desta quarta-feira pelo governador Jorginho Mello, pelo presidente da concessionária SCGÁS, Otmar Müller, e outras autoridades.
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A lista de desafios para instalar o gasoduto incluiu furar rochas em montanhas e no subsolo de rios, instalar tubos em profundidade de solo sem afetar reserva florestal, fazer instalações em região arenosa e sob rodovias, explicou o gerente de engenharia em exercício da SCGÁS, Rodrigo Schappo. Esses obstáculos foram enfrentados nas travessias dos rios Itajaí, Canoas, Hercílio, em lavouras de arroz, paredões de rochas e rodovias.
– Eu acho que a gente usou nesses 14 anos de obra, em 220 quilômetros de Indaial até Lages, tudo o que existe no mundo em técnica para construção de gasoduto. As tecnologias que não estavam disponíveis no Brasil, as empresas responsáveis pelas obras buscavam no exterior – explicou Rodrigo Schappo, informando que foram várias empresas terceirizadas que atuaram nesses anos.
Veja fotos da inauguração e imagens de vídeo sobre os desafios da engenharia na obra:
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Depois de enfrentar todos esses desafios da engenharia, o esforço, agora, é para aumentar o consumo de gás natural, considerado um dos energéticos melhores e menos poluentes. O governador disse que atuará como garoto-propaganda para colaborar na conquista de mais consumidores e atração de investimentos. Também falou que a SCPAR Invest SC, agência de atração de investimentos do Estado que está com nova roupagem, pode colaborar.
– Este projeto que começou em 2010 vem mudar a forma como a gente estava entregando gás natural para esta região. Hoje, eu venho aqui pedir aos empresários, aos consumidores que façam essa opção porque vai valer a pena o investimento, o trabalho que foi feito para trazer o gás até aqui. Santa Catarina é um estado que é o terceiro no Brasil em fornecimento: nós temos 1.600 km de rede, atendemos 28.000 clientes – afirmou Jorginho Mello.
O presidente da SCGÁS ressaltou o diferencial, agora, de a região contar com o gasoduto, que amplia a oferta do insumo para todos os potenciais consumidores. Antes era uma rede local abastecida por caminhões. Segundo ele, o objetivo da interiorização do gás natural é ampliar oportunidades de desenvolvimento econômico e a empresa pode levar o gás de caminhão para cidades próximas.
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– Tendo o gasoduto aqui, possibilita repetir o que fizemos de Indaial até Lages, trazendo gás de caminhão e colocando em rede local. Agora, podemos fazer essa distribuição em cidades num raio de 100 quilômetros para desenvolver o mercado – disse Otmar Müller.
Reunião vai discutir maior uso do gás natural
O movimento para ampliar o consumo contará com uma reunião na Associação Empresarial de Lages (Acil) dia 28 deste mês, informou o presidente da entidade, Antônio Wiggers. Segundo ele, algumas indústrias já utilizam o insumo e existem novas oportunidades para os setores de comércio e serviços. Entre os que podem consumir estão clubes com grandes piscinas aquecidas e condomínios residenciais.
A prefeita eleita, deputada Carmen Zanotto, está otimista com as possibilidades de mais adesão do setor empresarial, mas ela vê oportunidades de uso do gás natural no setor de serviços e outros. Com a experiência positiva de uso do gás natural no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, ela já propôs a instalação também para os hospitais de Lages, onde o clima é muito mais frio.
– No Hospital Tereza Ramos se sofria muito na época das caldeiras à lenha. Depois foram substituídas. Mas, agora, com a chegada do gás natural em frente do hospital, já temos um projeto para usar esse insumo, que vai permitir termos melhores aquecedores de água, com constância. Será um aquecimento de melhor qualidade, mais econômico e mais ecológico – observa a nova prefeita, ao destacar que o Hospital Infantil Nossa Senhora dos Prazeres também poderá aderir ao gás natural.
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O prefeito de Lages, Antonio Ceron, que também foi secretário de Estado de Desenvolvimento, destacou que, agora, a Serra Catarinense se iguala em competitividade à região litorânea do Estado, que já conta com o insumo. Entre os presentes no evento que participaram desse esforço de mais de década para levar o gás até a região estavam dois lageanos que presidiram a SCGÁS, Ivan Ranzolin e Cosme Polese.
O diretor técnico da SCGÁS, Tiago Cabral, afirmou que esse gasoduto é um marco da interiorização da SCGÁS no Estado porque a empresa estava com atuação concentrada na faixa do Atlântico.
– Ao chegar em Lages, deixa clara a nossa interiorização para chegar com gás perto do Oeste, caminhando até o Extremo Oeste do Estado – destacou Tiago Cabral.
Consumo está abaixo da média
Um dos desafios da SCGÁS e de todo setor de gás natural no Brasil é que o consumo está um pouco abaixo da média de antes da pandemia. O setor registrava uma expansão normal, o aumento da produção industrial na pandemia, em especial para insumos para construção e casas, elevou o a demanda. Mas com a retração do pós-pandemia, caiu acima do esperado e ainda não voltou ao normal.
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De acordo com o gerente comercial, industrial e veicular da SCGÁS, Rafael Nicolazzi, a companhia estava com vendas da ordem de 1,9 milhão de metros cúbicos por dia antes da pandemia. Depois, chegou a ter pico de 2,5 milhão de metros cúbicos por dia e, passada a onda de economia aquecida da pandemia, está, hoje, em 1,8 ou 1,7 milhão de metros cúbicos por dia.
– A gente sentiu uma queda muito grande de consumo em alguns setores da indústria. O consumo de gás natural veicular (GNV) também retraiu. Ele chegou a responder por 20% do total das vendas e, agora, está em 11% – informa Rafael Nicolazzi, ao observar que isso ocorreu porque outros combustíveis tiveram redução de tributos e o gás não.
Mas a expectativa é de que a indústria volte a consumir mais e cresça também a demanda por GNV, que segue vantajoso para motoristas se comparado com outros combustíveis. Para quem trabalha com veículo e circula mais de 2 mil quilômetros por mês, a vantagem mensal frente a combustíveis líquidos é de aproximadamente R$ 700. Uma novidade no segmento é a fabricação de caminhões com motores a gás por montadoras e também a conversão de motores a combustão para gás natural, o que é feito pela multinacional catarinense Tupy, por meio da subsidiária de São Paulo MWM. No caso de caminhão, a economia é de 20% na comparação com uso de diesel. Se usar biometano, a economia é de 95%.
Gás natural não congela com o frio
Um dos desafios de quem mora em regiões mais frias de Santa Catarina é que água e gás de cozinha congelam em baixas temperaturas. Mas o gás natural não. Essa e uma das vantagens do insumo. A outra é que ele é mais leve que o ar e, por isso, não acumula dentro de imóveis que tenham abertura.
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O gerente de atendimento ao mercado urbano da SCGÁS, Gustavo Caldas dos Santos, também vê oportunidades de crescimento do consumo do gás natural nos segmentos residencial e de serviços. Segundo ele, a Serra Catarinense pode usar mais em residências para aquecimento em função do frio.
– Hoje, algumas empresas de alimentos da região, como padarias e restaurantes, precisam eletrificar a cozinha para que funcione no inverno. Mas com o gás natural isso não é necessário – explica Gustavo Caldas.
Outra vantagem do gás natural urbano é a constância no fornecimento porque vem por gasoduto e tubos até as unidades consumidoras. No caso de condomínios, elimina a necessidade de uma área para o estoque do gás, que pode virar área de lazer, jardim ou garagem.
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