Em primeiro de julho, daqui a 13 dias, os consumidores de gás natural de Santa Catarina vão enfrentar um novo reajuste no preço do insumo. A expectativa é de que será uma alta expressiva, próxima de 40%, considerando o preço do gás devido às variações de custos do petróleo e do câmbio. Se ficar nesse patamar, a indústria do Estado, que consome em torno de 80% do total, terá reajuste acumulado de 216% do início de 2019 até este mês, enquanto a inflação desse período, até maio, subiu 25,73%,

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São mais de 300 indústrias que consomem gás natural em SC e boa parte delas alerta que perdeu a competitividade após os últimos reajustes (confira quadro no final desta matéria).

O Sindicato das Indústrias de Cerâmica (Sindiceram) lembra que o setor é intensivo em energia e o gás natural já representa de 20% a 30% do custo de produção, dependendo do tipo de unidade fabril utilizada. Assim, se tornou o item que mais pesa nos custos do setor.

Diante da realidade, empresas que têm fábricas em outros estados já estão priorizando a produção onde o gás natural é mais barato. A maioria tem unidade no Nordeste mas tem quem pode fabricar mais no exterior. É o caso do grupo que controla a Eliane, sediado nos Estados Unidos. E a Portobello vai também iniciar produção em nova fábrica no Tennessee, EUA, no começo de 2023.

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Santa Catarina também tem consumidores no comércio, serviços, residências e de gás natural veicular (GNV). Os reajustes, com base numa conta gráfica, são definidos pela Agência de Regulação de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc).

Segundo o diretor de Energia, Gás e Transporte da Aresc, Silvio César dos Santos Rosa, a agência está finalizando a apuração semestral da conta gráfica, que ficará pronta na próxima semana. Aí, serão definidos e informados os reajustes respectivos para cada grupo de consumidores e as novas tarifas entrarão em vigor a partir de 01 de julho no Estado.

Além das variações naturais dos preços do petróleo e dólar, a SCGás tem para incluir na tarifa o custo de um contrato de compra de gás que ficou pendente no primeiro semestre. Durante cerca de quase 10 anos, SC praticou no gás natural as tarifas mais baixas do país. Mas, agora, está com preços entre os 10 estados menos competitivos.

Antes da guerra da Ucrânia, havia a expectativa de entrada em vigor, em abril, do Terminal de Gás Sul (TGS), unidade de gás natural liquefeito que dobrará a oferta do insumo na Região Sul. Mas o conflito e outras burocracias atrasaram o início de atividades.

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O gás natural é consumido pelas maiores empresas do Estado, segundo a Federação das Indústrias (Fiesc). Nesse grupo estão principalmente indústrias cerâmicas, têxteis, de metalurgia, vidros e cristais. As mais de 300 consumidoras respondem por 13% do Produto Interno Bruto do Estado.

Apesar da escalada de preços altos ter começado em função de problemas temporários, como a Covid-19 e a guerra, tem empresa pensando em mudar a produção para outras regiões ou até optar por outra matriz energética. Mas para a maioria é difícil após se acostumar com o gás, que oferece mais estabilidade e qualidade. Antes, boa parte usava caldeiras a lenha para produção.

Reajustes de tarifas de gás natural em SC para a indústria nos últimos três anos e meio:
Janeiro de 2019: 6,73%
Julho de 2019: -0,31%
Janeiro de 2020: 8,73%
Julho de 2020: -13,5%
Setembro de 2020: 0,68%
Janeiro de 2021: 28,51%
Julho de 2021: 36,57%
Janeiro de 2022: 24,92%
Fevereiro de 2022: 2,32%
Julho de 2022: cerca de 40% (estimativa)