Entre os ecossistemas de tecnologia e inovação únicos no mundo, um deles é o de Fundão, município de Portugal com 15 mil habitantes residentes que mudou a economia de rural para TI em apenas oito anos. O mentor e líder dessa virada, o prefeito Paulo Fernandes, visita Florianópolis porque vê no ecossistema da capital de Santa Catarina também características únicas e oportunidades de negócios.

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Nesta quinta-feira, o prefeito português, acompanhado do superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação da prefeitura de Florianópolis, Marcos Lichtblau, participou do Inova+Ação, evento anual da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, voltado à tecnologia e inovação ao comércio. Também encontrou Thaynan Mariano, coordenador do Floripa Conecta, hub de eventos de tecnologia e criatividade, que acontece atualmente.

Segundo o prefeito, Fundão é uma cidade que fica ao pé da Serra da Estrela, a mais de 200 quilômetros de Lisboa e do Porto, e a 350 quilômetros de Madri, na Espanha. Tem pouco mais de 30 mil habitantes, mas apenas 15 mil residem no local. Desses, atualmente, mais de mil são engenheiros de tecnologia da informação.

– Esse trabalho na área de TI estamos fazendo há oito ano. Quando começamos, não tínhamos uma única empresa de informática. Tínhamos apenas quatro engenheiros de TI no conselho da prefeitura. Mas hoje, talvez, temos um dos maiores percentuais do mundo de engenheiros de informática por habitante. De cada 10 engenheiros que estão a chegar ao meu ecossistema, só um é português. Chegam talentos de todo mundo na minha cidade pequenina, que é muito rural. Nós somos um caso muito particular nessa área de tecnologia – explica o prefeito.

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O ecossistema foi implantado no centro da cidade, usando os prédios antigos existentes. Desde a fundação, já passaram por lá mais de 60 empresas e foram criados mais de mil empregos diretos. Além das startups locais, Fundão atraiu unidades de gigantes da tecnologia como a IBM e a francesa Capgemini.

O time de engenheiros locais desenvolve soluções de inteligência artificial e outras para áreas como 5G, veículos autônomos, sistemas embarcados, empresas dos setores aeronáutico, automotivo, logística, setor farmacêutico, portuário e outros.

Entre os diferenciais que ajudaram a cidade a se tornar esse polo, deixando de ser conhecida apenas pelas agroindústrias de cereja, lácteos e vinhos, está o fato de estar próxima de três grandes universidades públicas: Coimbra, Aveiro e da Beira Interior.

O prefeito, que é graduado em relações internacionais com especialização em desenvolvimento regional, diz que as universidades é que oferecem a formação superior principal para área de tecnologia. Mas a mudança na matriz econômica motivou alteração também na educação das crianças.

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– No Fundão, todas as crianças a partir de seis anos aprendem a programar. Na escola pública, o ensino é bilíngue, em português e inglês. Isso facilita muito a inclusão dos internacionais. São medidas de política pública na educação, urbanismo, habitação e agenda de inovação e empreendedorismo. Tudo a serviço das empresas e talentos que queiram se fixar no Fundão – destaca o prefeito.

Na avaliação dele, o ecossistema de Florianópolis, apesar de a cidade ser muito maior do que Fundão, também é único por ter se desenvolvido por empresas locais que, agora, também incentivam as startups locais. Ele vê oportunidades de negócios entre as duas cidades.

Para ele, Fundão pode ser uma porta para empresas de tecnologia de Santa Catarina e do Brasil avançarem no mercado europeu e vice-versa. Florianópolis pode ser a entrada de empresas do Fundão no Brasil e na América Latina.