Nascida para desenvolver ciência, tecnologia e inovação, a Fundação Certi, de Florianópolis, idealizada pelo professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Alberto Schneider, está celebrando 40 anos. Nessas quatro décadas, apoiou a inovação no Brasil tanto para gigantes globais, como a WEG e a Embraer, quanto para mais de 7 mil startups. O aniversário, em 31 de outubro, foi celebrado com evento sobre inovação à tarde e com noite de reconhecimento a colaboradores, autoridades e parceiros. Schneider e o superintendente Erich Muschellack falaram com a coluna sobre a instituição (veja na sequência dessa matéria).
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A Fundação Certi foi precursora no apoio direto a novas empresas de tecnologia, o que criou um ciclo virtuoso e levou Florianópolis, agora, ao título de Capital Nacional das Startups. A Certi fundou a primeira incubadora de empresas de tecnologia do Brasil, a Celta, que foi premiada diversas vezes no país e no exterior.
– Nós, hoje, temos 42 empresas incubadas que geram 730 empregos diretos e que em 2023 faturaram R$ 69 milhões. Nossa questão é que quando uma empresa cresce na incubadora, ela sai e entra uma outra faturando pouco para, depois de três anos, sair com resultado maior. Nos últimos cinco anos, nossas empresas incubadas cresceram mais de 300% – destacou Erich Muschellack, superintendente da Fundação Certi, em recente apresentação na Federação das Indústrias de SC sobre os 40 anos da fundação.
Veja fotos da celebração dos 40 anos da Fundação Certi na noite de 31 de outubro e outras:
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Com o know-how da Celta, a instituição colaborou para a criação de programas Sinapse da Inovação em SC, que inspiraram o Centelha e InovAtiva Brasil, esses dois últimos em vigor com abrangência nacional realizados em parceria com a Certi.
– Um dos projetos do Centro de Economia Verde, o Jornada Amazônia, que está ajudando a criar riqueza mantendo a floresta em pé – destaca Erich Muschellack.
Conforme o superintendente, a Certi desenvolve projetos para 15 setores econômicos, em especial para a indústria. Ela conta com equipe de 400 colaboradores, dos quais 300 são engenheiros e, a maioria, mestres e doutores, que fazem pesquisa e desenvolvimento em diversas áreas. Para a Embraer, são prestados serviços porque a instituição tem laboratório de ponta na área de tecnologia embarcada.
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Para a WEG, um dos projetos foi em automação industrial. E para a Petrobras, as pesquisas foram na área de resistência de materiais frente à corrosão no fundo do mar. Nesses 40 anos de atividades, a Fundação Certi teve quase 100 apoiadores institucionais e desenvolveu centenas de projetos empresariai.
Atualmente, entre os projetos mais demandados estão os das áreas de inteligência artificial e energia limpa. Erich Muschellack divide a gestão executiva da Fundação Certi com o superintendente de operações, finanças e administração Günther Pfeiffer, e o superintendente de negócios Laercio Aniceto Silva.
Declarações de Carlos Alberto Schneider:
No evento em que a Fundação Certi celebrou o aniversário quinta-feira à noite, no Passeio Sapiens, em Florianópolis, o professor Carlos Alberto Schneider foi um dos homenageados e falou um pouco sobre como a Certi surgiu, conquistas e desafios. Ele havia trabalhado na empresa da família, a Motobombas Schneider, de Joinville, e levou a experiência para a Certi. Mas, o plano inicial era criar um instituto de pesquisa para energia elétrica, revelou ele.
– Em 1982, recebi um convite muito especial da Eletrosul, que era presidida pelo empresário Fernando Marcondes de Mattos. A necessidade era fazer pesquisas em energia. Então, montamos o projeto de um instituto com esse objetivo e enviamos para Brasília. Chegando lá eles responderam: não, nada de fazer instituto de energia em Florianópolis. Se for para fazer novas usinas, vamos fazer no Rio de Janeiro. Lá já tem o instituto – relembrou Carlos Alberto Schneider
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– Então, em 1984, veio uma nova provocação de Brasília: achamos muito boa aquela ideia de fazer um instituto, mas esquece a de energia. Vocês são bons em automação, com computador, por isso o instituto deve ser nessa área. Aí começamos a fazer o projeto do instituto com a famosa Secretaria Especial de Informática. Trabalhei seis meses no projeto e coloquei várias ideias adotadas pelo Instituto Fraunhofer, da Alemanha, que eu havia conhecido quando fiz doutorado lá. Consegui que fosse uma fundação, instalada no campus da universidade, onde teríamos muitas cabeças pensantes e que o foco fosse o desenvolvimento nacional. Os três primeiros clientes foram a Metal Leve, a Mercedes e a WEG, sobre automação – destacou o professor Schneider.
– Quanto ao futuro da Certi, eu avalio que ela está numa rota ascendente. Ela sempre tem o seu desafio financeiro. Nós precisamos de contratos, seja de empresas, seja de governos. Inclusive tem o seguinte: os maiores contratos e que permitem colocar as ideias são os contratos de governo. Por exemplo: fazer uma incubadora, a ideia foi nossa. Mas o contrato foi com o governo do Estado (na época de Esperidião Amin). E quando informamos que precisávamos de um novo parque tecnológico em Florianópolis, foi a então prefeita Angela Amin que sugeriu esse terreno do Estado no Norte da Ilha – lembrou o fundador da Certi.
Declarações de Erich Muschellack:
O superintendente da Fundação Certi, Erich Muschellack, é um dos empresários que acompanharam de perto a atuação da Fundação Certi nesses 40 anos. Foi em parceria com a Certi que a empresa dele criou a primeira urna eletrônica brasileira, testada em Santa Catarina. Para ele, a fundação foi e continua relevante para o avanço da tecnologia no Estado.
– A Fundação Certi foi o estopim da transformação tecnológica em Florianópolis. Tudo começou 40 anos atrás. Florianópolis tinha praticamente estudante em duas ótimas universidades e funcionários públicos que atuavam nos órgãos do governo. E a Certi surgiu para fazer essa ponte entre a ciência criada nas universidades para transformar em tecnologia, que vira inovação e chega na indústria, nos produtos e na vida real. Esse foi o propósito do professor Schneider na época da criação da fundação e é o que a Certi faz até hoje – enfatizou Erich Muschellack.
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– Dois anos depois, em 1986, a Fundação Certi criou a primeira incubadora de empresas de tecnologia do Brasil, a Incubadora Celta. Na época, não existia o termo startup, mas ela criou isso. A ideia da Fundação Certi cresceu e hoje temos outras instituições trabalhando na mesma linha como os institutos do Senai e temos a Acate (Associação Catarinense de Tecnologia) apoiando startups – falou o superintendente.
– Com a Embraer nós temos um contrato de longo prazo. Por meio de aditivos eles vão incluindo os diversos projetos. Com a Petrobras, por exemplo, é caso a caso, mas sempre tem um volume de projetos grande, que vão sendo apresentados. Assim é com vários outros clientes, como a WEG e a Siemens. Sobre as áreas mais procuradas, uma delas é inteligência artificial. Trabalhamos com isso há 7 ou 8 anos. O primeiro projeto relevante que fizemos foi para a Basf, que precisava reconhecer ervas daninhas em plantações de soja e, assim, definir áreas que receberiam mais defensivo agrícola – destacou Erich Muschellack, ao ser questionado sobre contratos com grandes empresas.
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