Depois de registrar estabilidade desde janeiro deste ano, o preço da carne bovina começou a subir na segunda quinzena de novembro em Santa Catarina e deve pesar na inflação. De acordo com o presidente do conselho diretor da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Paulo Cesar Lopes, a alta média de preços ficou em torno de 15% e a principal causa é a maior demanda em função das festas de final de ano.

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Segundo ele, além da pressão nos preços devido a essa fase festiva, o clima também está afetando custos em parte do país. A falta de chuvas na região Centro-Oeste começa a influenciar preços.

Mas, apesar desses aumentos recentes, o empresário avalia que em função da redução dos preços das carnes desde janeiro deste ano, o churrasco das festas ainda será mais barato do que no final de 2022.

– Em virtude da seca em algumas regiões produtoras do Brasil, a previsão é que os preços continuarão instáveis até o final de primeiro trimestre de 2024 – afirmou Paulo Cesar Lopes, da Acats.

De acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial apurada pelo IBGE, no período de janeiro a outubro deste ano, o preço médio das carnes bovina, suína e de frango no Brasil teve queda de -11,08%.

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Cenário de estabilidade

Apesar desses aumentos da carne bovina agora, o cenário nacional e internacional é de preços baixos de proteínas. Isso vem desde o início do ano.

Nos Estados Unidos, por exemplo, está ocorrendo abate menor de bovinos do que a média em função da baixa oferta de animais, por isso o custo para as agroindústrias em outubro estava 25% mais caro do que um ano atrás.

Mesmo assim, para o consumidor americano os preços continuaram baixos. Essa pressão de alta também não vem para os preços brasileiros porque primeiro impacta o mercado internacional, que está abastecido de carnes.

Como os preços estão baixos, a maioria das agroindústrias está operando sem lucro, segundo informações da assessoria do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne).

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Tanto as vendas no mercado interno, quanto as exportações estão crescendo, mas os preços seguem baixos. Essa é uma realidade do setor agropecuário, que tem essas fases, mas é um setor que não pode reduzir oferta de uma hora para outra porque tem ciclo de produção contínua, que não pode ser interrompido para não desestruturar toda a cadeia produtiva.  

Santa Catarina, por exemplo, abate cerca de 4 milhões de aves por dia e 34 mil suínos por dia. Se uma agroindústria decide reduzir esses abates, ela precisa fazer um planejamento de médio prazo. Então, nos próximos meses, apesar das dificuldades climáticas no Brasil, a tendência é de que a inflação das carnes não será alta.