Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quinta-feira, ao formar maioria contra a tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas, eleva a insegurança jurídica sobre propriedades de terras no Brasil, alertaram em nota a Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc) e a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Continua depois da publicidade
Siga as notícias do NSC Total pelo Google Notícias
O marco temporal considerava terras indígenas por usofruto as ocupadas pelos povos originários em 05 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição brasileira. A decisão do STF foi em julgamento de processo dos indígenas Xokleng, de José Boitex, Santa Catarina.
– Com maioria consolidada no julgamento do RE 1017365/SC, a nova jurisprudência do Supremo Tribunal Federal gera imensa insegurança jurídica, ao contrário do que acontecia com o reconhecimento da tese do Marco Temporal, a qual criava um ambiente de confiança nas instituições da República Brasileira – especialmente no Poder Judiciário – e afastava a possibilidade de conflitos na zona rural – argumenta a Faesc, entidade que representa produtores rurais.
De acordo com a Federação da Agricultura, a esperança, agora, está no legislativo nacional que poderá votar lei que restabelece os prazos do marco temporal. Para a Faesc, essa alternativa trará paz ao campo, sem ferir o direito de propriedade das famílias de agricultores e os direitos dos indígenas. (Veja a íntegra do comunicado da Faesc no final desta matéria).
Continua depois da publicidade
Fiesc destaca diferenças regionais
Também em nota nesta sexta-feira, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) informou que vê com preocupação a decisão do STF e chamou a atenção para a maior insegurança jurídica e, também, a falta de consideração para características regionais.
– A decisão do STF desconsidera as diferenças regionais brasileiras. No caso de Santa Catarina, onde vivenciamos situações especialmente consolidadas em virtude de nossa colonização, é fundamental a modulação na aplicação da decisão, sob pena de sérias consequências econômicas e sociais – destacou a Fiesc, que acredita em reversão da medida no Congresso Nacional. (Leia a íntegra da nota da Fiesc no fim da matéria).
Leia a íntegra das notas divulgadas pela Faesc e pela Fiesc sobre a decisão do STF:
Marco temporal: manifestação da Faesc
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) manifesta sua extrema preocupação com as consequências da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em não reconhecer a tese do MARCO TEMPORAL em relação à demarcação de terras indígenas.
A Suprema Corte alterou sua própria e recente jurisprudência ao julgar sobre a regulamentação de dispositivo constitucional que estabelece de forma clara o Marco Temporal para demarcações de terras indígenas no Brasil. O Marco Temporal das terras indígenas era uma tese jurídica elaborada no julgamento do caso Raposa Serra do Sol pelo STF, em 2009.
Continua depois da publicidade
Nessa ocasião, o Supremo decidiu que o artigo da Constituição que garante o usufruto das terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas brasileiros deveria ser interpretado contando-se apenas as terras em posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.
A tese do Marco Temporal em hipótese alguma retira direitos de indígenas, apenas garante um critério objetivo para fins de efetivação de uma política de demarcações, sem subtrair o direito de propriedade das famílias rurais, e sem subtrair o direito dos povos originários.
Já com maioria consolidada no julgamento do RE 1017365/SC, a nova jurisprudência do Supremo Tribunal Federal gera imensa insegurança jurídica, ao contrário do que acontecia com o reconhecimento da tese do Marco Temporal, a qual criava um ambiente de confiança nas instituições da República Brasileira – especialmente no Poder Judiciário – e afastava a possibilidade de conflitos na zona rural.
A FAESC teme a volta de um passado recente em que processos de demarcação de terras indígenas em território barriga-verde geravam muita angústia, tensão, medo e revolta entre centenas de famílias rurais que, ao final, viam-se desalojadas de seus imóveis rurais legalmente adquiridos e pacificamente ocupados.
Continua depois da publicidade
Os impactos desse novo entendimento do STF, especialmente para Santa Catarina, são preocupantes, pois o Estado, que possui apenas 1,1% do território nacional, é constituído basicamente por pequenos produtores rurais, e serão essas famílias rurais que, novamente, estarão ameaçadas em face do novo entendimento do STF.
A FAESC continuará atenta e acompanhando os desdobramentos da questão da demarcação de áreas indígenas no âmbito dos Poderes da República. A esperança, agora, repousa no Poder Legislativo, pois o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei sobre a ocupação de terras por povos indígenas (PL 2903/2023), matéria que se encontra, atualmente, em tramitação no Senado Federal – e, caso aprovado, certamente trará paz no campo, sem ferir o direito de propriedade das famílias rurais e sem desrespeitar o direito dos povos originários.
Florianópolis, 22 de setembro de 2023
Decisão sobre marco temporal desconsidera diferenças regionais do Brasil e eleva insegurança jurídica, avalia FIESC
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) vê com muita preocupação o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre o marco temporal da demarcação das terras indígenas.
A revisão da jurisprudência, que tinha a Constituição Federal de 1988 como baliza temporal, fragiliza nossa segurança jurídica trazendo intranquilidade ao campo e à cidade.
A decisão do STF desconsidera as diferenças regionais brasileiras. No caso de Santa Catarina, onde vivenciamos situações especialmente consolidadas em virtude de nossa colonização, é fundamental a modulação na aplicação da decisão, sob pena de sérias consequências econômicas e sociais.
Continua depois da publicidade
A FIESC trabalha para que a matéria ainda possa ser objeto de alteração legislativa, reconhecendo o direito dos índios e, ao mesmo tempo, preservando as áreas consolidadas pela Constituição de 1988, restabelecendo a segurança jurídica e a paz social.
Florianópolis, 22 de setembro de 2023
Publicidade
Além de muita informação relevante, o NSC Total e os outros veículos líderes de audiência da NSC são uma excelente ferramenta de comunicação para as marcas que querem crescer e conquistar mais clientes. Acompanhe as novidades e saiba como alavancar as suas vendas em Negócios SC
Leia também:
Fiesc sugere inclusão de obras ao programa estadual Estrada Boa
Projeto social do Padre Vilson chega ao cinema com o filme “Pão e Beleza”
Turismo de inverno avança em SC, mas necessita de mais atrativos e logística
No Senado, setor de tecnologia defende alíquota diferenciada na reforma tributária
JBS começa obras do centro de proteína cultivada em Florianópolis
Santa Catarina forma grupo de trabalho para discutir projetos de ferrovias