A informação do Ministério da Economia de que será necessário reforçar o Pronampe, Programa Nacional de Apoio à Microempresa e Empresa de Pequeno Porte com mais R$ 6 bilhões porque os R$ 15,9 bilhões foram esgotados pegou o setor empresarial de surpresa. Isso porque os R$ 15,9 bilhões foram colocados como fundo de aval, um fundo garantidor, para o mercado poder emprestar pelo menos cerca de R$ 120 bilhões, observa a presidente da Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas e MEIs de SC (Fampesc), Rosi Dedekind.
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– Estão procedendo como se o empresário não fosse pagar o Pronanpe. Isso não existe. O empresário não é caloteiro. Vai honrar se tiver faturamento – afirma a empresária.
Ela observa que a inadimplência da pequena e microempresa é baixa. No caso do microempreendedor individual, no microcrédito, é um pouco acima de 2%. Já o fundo garantidor do Pronampe prevê cobrir 85% da eventual inadimplência enquanto o banco que empresta arcaria com 15%, o que, segundo analistas de crédito, significa um risco próximo de zero.
Para a presidente da Fampesc, um acréscimo de apenas R$ 6 bilhões além dos R$ 15,9 bilhões não é suficiente caso não tenha essa flexibilidade de o recurso ser um fundo de aval. Isso porque número muito restrito de empresas conseguiu recursos. Uma pesquisa do Sebrae apurou que 60% das pequenas empresas que tinham solicitado recursos para capital de giro não haviam conseguido.
Além disso existe a demora. Já são mais de 100 dias da pandemia e muitas empresas ainda não conseguiram ajuda financeira. Elas tiveram postergação de três meses do pagamento dos impostos, do FGTS e da suspensão de contratos de trabalho. Neste mês de julho tudo está vencendo, as empresas voltaram a ter que pagar esses valores postergados mais os do mês e não têm recursos. A crise continua.
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Os bancos avaliam que a margem para eles emprestarem é muito baixa pelo Pronampe. Para as poucas empresas que conseguem, eles estão emprestando menos de 30% da receita bruta do ano anterior, observa Rosi Dedekind.
No Emprestômetro, novo portal para mostrar a liberação de recursos para empresas, aparece nesta quarta-feira que já foram emprestados R$ 11,3 bilhões pelo Pronampe.
O sistema cooperativo Sicoob do país começou a operar o Pronampe nesta segunda-feira. Em dois dias, recebeu pedidos superiores a R$ 500 milhões para essa linha de crédito. O Sicoob é o maior banco cooperativo em Santa Catarina.