As votações pelos pedidos de impeachment contra o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) e a vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido), nesta quinta-feira, confirmaram o sentimento manifestado pela maioria dos 40 parlamentares da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) nos últimos meses. As tentativas de aproximação do chefe do executivo com a Alesc, sem presença, sem o olho no olho dos momentos de cafezinho, não funcionaram. Agora, resta a esperança do tribunal misto, com alta possibilidade de afastamento, o que eleva a chance de um novo governo no Estado em breve.

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Impeachment em SC: deputados aprovam pedido para afastar o governador Carlos Moisés

Antes da rápida votação dos processos de afastamento, os líderes de partidos de oposição ao executivo estadual não esconderam seus sentimentos em discursos. A maioria dos que votaram pelo impeachment deixou transparecer que o motivo principal foi mesmo a falta de interlocução com o governador e também com a vice-governadora. Um dos parlamentares argumentou que isso impede de levar pleitos da população ao governo e, assim, afeta a prestação de serviços pelo Estado. E um parlamentar bolsonarista chegou a afirmar que Moisés “nunca deu uma moralzinha para o presidente Bolsonaro”. 

Impeachment em SC: deputados aprovam pedido para afastar a vice-governadora

Os que votaram contra o afastamento ressaltaram a falta de uma condenação da vice e do governador para justificar o impeachment, apesar das acusações, cujos processos estão em andamento. A líder do governo, Deputada Paulinha (PDT), leu uma carta enviada pelo governador Moisés reconhecendo erros e prometendo mudar, e fez um discurso emocionado num esforço para alterar votos na última hora. A boa recuperação econômica e a menor taxa de mortalidade por Covid-19 do país também foram citadas como ponto positivo por um parlamentar. Mas, apesar disso, a votação pelo impeachment veio mesmo implacável, com 33 votos a seis contra ele, e com 32 a sete votos contra ela.

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Caso siga esse ritmo no tribunal misto, Santa Catarina terá que começar um novo governo eleito indiretamente no meio da maior pandemia da sua história, quando precisaria concentrar energias apenas para superar a tragédia sanitária. Um novo governo significa uma parada geral de uma série de serviços e investimentos à espera de novos líderes para dar continuidade ou mudar o rumo. Isso gera atrasos e prejuízos.

Na nota oficial que enviou à imprensa logo após a aprovação dos pedidos de impeachment, Moisés informou ter orgulho de a sua administração já ter economizado mais de R$ 360 milhões aos cofres públicos. Nessa cifra, ele deve ter incluído também o corte do cafezinho para as repartições públicas do Estado, feito no segundo mês do seu mandato, para economizar mais de R$ 2 milhões por ano.

Se ele soubesse o futuro não suspenderia esse produto tão brasileiro e agregador. Faltou a ele tomar cafezinhos com os deputados e com todas as demais pessoas que solicitaram uma reunião para conversar com o governador e não encontraram portas abertas. No café, Moisés teria praticado política (nova ou velha) e, provavelmente, não estaria sob risco de perder o mandato agora.