Depois de fazer muitas declarações de campanha que contrariavam a lógica da economia, o novo presidente da Argentina fez afirmações pragmáticas no discurso de posse sobre a realidade da crise econômica do país. Isso dá uma certa esperança de que ele poderá não tomar medidas intempestivas que aprofundem a crise econômica e que as relações da Argentina com os países estrangeiros seguirão o ritmo das normas comerciais.
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Milei criticou duramente a herança que recebeu: a inflação de quase 150% em período de 12 meses, o imenso desequilíbrio fiscal e mais uma série de dificuldades que afetam quase todas as áreas no país.
— Nenhum governo recebeu uma herança pior do que estamos recebendo —, disse Milei.
O novo presidente afirmou também que recebeu o país com déficits fiscais duplos de 17% do PIB. Por isso, a solução implicará em ajuste do setor público de cinco pontos do PIB e haverá recessão econômica, com tempo de dois anos para recuperação.
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Ele também disse que a Argentina está sem dinheiro e enfrenta piores condições na educação e no sistema viário, por exemplo. Criticou o fato de o país estar em 66º lugar em educação na pesquisa PISA feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e destacou que apenas 15% das estradas estão em boas condições.
Esse pragmatismo da posse começou depois da vitória, quando não mais falou em tirar o país do Mercosul e passou a defender o acordo com a União Europeia. Também procurou contatos com os governos do Brasil e da China, para continuar parcerias.
Um breve olhar sobre os números do Mercosul permite concluir que o acordo econômico é favorável à Argentina. No caso do Brasil, a corrente de comércio de janeiro a novembro deste ano foi de US$ 27 bilhões. Embora o Brasil tenha superávit de US$ 4,8 bilhões, é um movimento econômico robusto e fundamental ao país vizinho.
Entre as grandes expectativas sobre medidas econômicas prometidas estão a dolarização da economia e fechamento do Banco Central. Mas diante do maior pragmatismo no discurso, bom seria se Milei adotasse o tripé macroeconômico para estabilizar a economia: câmbio flutuante, metas de inflação e metas fiscais.
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É o modelo seguido pelos países democráticos desenvolvidos e pelo Brasil desde 1999. E se realmente fechar o BC, seria bom ter outra instituição independente para controles.
Economia estável traria ganhos para os Argentinos e também aos parceiros comerciais do exterior. Mas seria ainda melhor para a própria Argentina, que atrairia mais investimentos. As crises econômicas do país vizinho sempre geram perdas para diversos setores da economia catarinense, sendo expressivas no turismo. Por isso a torcida é que o país encontre a estabilização econômica.
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