A fábrica de aviões Wega Aircraft, de Palhoça, vai migrar para Assunção, no Paraguai. A decisão da empresa de Santa Catarina foi anunciada com pompa nesta segunda-feira (11), em evento em aeroporto militar com as presenças do fundador e sócio da empresa, Jocelito Wildner, autoridades paraguaias e dois aviões Wega 180 sobrevoando o espaço aéreo local. O “voo” da empresa para o país vizinho foi motivado pela falta de incentivos no Brasil e ela será a primeira indústria aeronáutica paraguaia.
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A informação da transferência da Wega para o exterior é do industrial Cesar Augusto Olsen, que foi apoiador de Jocelito no negócio e comprou quatro aeronaves. O sócio da empresa foi procurado, mas como está em viagem, não respondeu nossas mensagens ainda.
Presidente do Comitê da Indústria de Defesa da Federação das Indústrias de SC (Comdefesa) e fundador da Olsen Equipamentos Médicos, Cesar Olsen explica que essa mudança acontece em função da alta carga tributária brasileira, excesso de regramento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e falta de apoio das forças armadas do país, que não adquiriram aeronaves locais para instrução inicial de pilotos.
— A Força Aérea do Paraguai está interessada em usar os aviões da Wega para treinamento primário, o que o Brasil poderia estar fazendo, ao invés de importar aeronaves muito mais caras. A aeronave Wega é um exato treinador primário. É um projeto brasileiro que estava quase inviabilizado e foi convidado pelo governo do Paraguai — afirma Cesar Olsen.
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Sonho do gaúcho Jocelito Wildner, ex-mecânico da Varig radicado em Florianópolis, a Wega foi fundada em 2006 para fazer os chamados aviões experimentais, de um motor só, utilizados para treino inicial de pilotos e também por pessoas que amam voar por lazer.
A maior projeção da empresa foi em 2013, quando duas aeronaves montadas em SC foram voando até a Flórida, Estados Unidos, para participar da exposição Sun n’Fun, uma das maiores do mundo. Cada aeronave teve dois tripulantes e um deles foi o piloto Jocelito Wildner, que cruzou as Américas em velocidade de 350 quilômetros por hora, em viagem com diversas paradas, que durou sete dias.
Com o modelo eleito melhor da exposição, o empresário retornou otimista para o Brasil. Mas as vendas foram difíceis e, com o dólar alto, hoje é quase impossível o mercado brasileiro pagar o custo final do avião, observa Olsen. Só o motor importado, que sai por cerca de US$ 45 mil, em reais fica em R$ 249 mil. É difícil vender um avião desses por mais de R$ 300 mil.
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