Após demorar para mudar o comando da Secretaria da Casa Civil no meio da maior crise do seu governo, enquanto enfrenta ao mesmo tempo a pandemia do novo coronavírus, o governador Carlos Moisés da Silva buscou o empresário Amandio João da Silva Junior, de Rio do Sul, para liderar a pasta.
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O titular anterior, o político Douglas Borba, considerado homem de confiança do governador, pediu exoneração neste domingo (10) por ser apontado como principal responsável pela decisão da compra superfaturada de 200 respiradores.
Considerando o fato de Moisés governar praticamente sem interlocução com o parlamento e também de ser fechado para as entidades que representam a sociedade catarinense, a escolha de Amandio Silva foi correta. O empresário, além de ser empreendedor de Rio do Sul, fundador da DB Empresas e sócio da GSX Máquinas, é um nome respeitado no associativismo empresarial há mais de 20 anos.
Amandio foi presidente da Associação Empresarial de Rio do Sul, do Conselho Estadual de Jovens Empreendedores (Cejesc) e do Excelência SC. É um nome conhecido e respeitado em todo o Estado. Como associativismo é uma forma de fazer política, ele tem esse diferencial de articulador. Com esse perfil político, poderá ajudar tanto no relacionamento com o parlamento, quanto na interlocução com a sociedade, o que o seu antecessor tinha dificuldades para fazer.
Mas, apesar disso, o governador Carlos Moisés só vai ter paz se a investigação sobre a compra de respiradores e outras da Secretaria da Saúde sem licitação durante a pandemia não envolveu corrupção por parte de pessoas do governo catarinense. É normal numa fase de compras emergenciais durante uma pandemia com impactos globais ter problemas nas compras.
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Denúncias e investigações sobre isso acontecem atualmente em mais de 10 Estados. Contudo, se as investigações apontarem culpa e algo envolver o governador, a habilidade de Amandio da Silva pode não ser suficiente para impedir um eventual impeachment.
Isso porque Moisés escolheu não ter uma interlocução com a Assembleia Legislativa. O setor produtivo catarinense jamais vai esquecer o ano muito ruim de 2019, com uma série de polêmicas envolvendo a revisão dos incentivos fiscais, por iniciativa da Alesc e do próprio governo.
A desculpa foi acabar com contratos de gaveta, mas foi uma oportunidade para o governo aumentar alíquotas visando maior arrecadação. Isso estagnou parte da economia do Estado ao longo do ano passado. Mas o que define o avançou ou não de um processo de impeachment é a base parlamentar. Se o governo não tiver, corre risco de sair, sim.