Inesperada e longeva, a guerra na Ucrânia tem impactado o mundo como causadora de inflação. Um exemplo é o preço do gás natural no mercado internacional em função da redução gradual de vendas pela Rússia para a Europa. O preço por um milhão de BTU estava em torno de US$ 10 antes da guerra, chegou a US$ 300 e agora está em torno de US$ 50. As tarifas do gás natural vendido em SC não oscilaram assim porque são definidas por uma conta gráfica semestral.
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Quem explica é o empresário Geovane Rosa, curador técnico do workshop internacional sobre transição energética, o Workshop Fair Gas Transition and Energy Security, que abriu nesta quinta-feira e vai até esta sexta-feira, no Hotel Majestic, em Florianópolis.
O evento é organizado pela SCGás, com apoio da International Gas Union (IGU) e da Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
– Esse efeito de redução de oferta de gás na Europa começou a provocar alta de preços do insumo nos Estados Unidos. O gás liquefeito é embarcado em navios nos EUA e transportado até a Europa para o consumo diário – diz Giovane Rosa, que é sócio da empresa GásOrgânico.
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Segundo ele, o gás natural no mundo é precificado em diferentes hubs. Tem um na Ásia, outro na Europa e o dos Estados Unidos, que puxa os preços para baixo porque para o seu mercado interno oferece 1 milhão de BTU por preço que varia de US$ 3,00 a US$ 5,00.
No Brasil, a variação de preço acontece baseada no barril de petróleo tipo Brent. Esse barril estava numa média de US$ 70 antes da guerra, subiu para mais de US$ 100 e, agora, está recuando para US$ 92.
Considerando as condições atuais de mercado e os contratos da SCGás com a Petrobras, o presidente da concessionária, Willian LehmKuhl, estima que para o preço do ano que vem haverá uma queda de 6%.
Segundo o gerente de suprimentos de gás natural da SCGás, Marcos Tottene, a conta gráfica serve para regulamentar o repasse do custo do gás natural para o preço final ao consumidor.
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– Ela contabiliza o custo do gás a cada mês e a cada seis meses repassa ao mercado, considerando as variações para cima e para baixo. Os repasses são em janeiro e julho, podendo ter repasse trimestral extraordinário – explica Tottene.
O consumidor paga a molécula do gás e o serviço de transporte. Tudo isso é contabilizado a cada seis meses, por isso os preços do gás para os catarinenses não sofrem tantas oscilações.