Existe um consenso internacional de que quanto maior o equilíbrio de gênero em cargos de liderança nas empresas, melhores são os resultados. Por isso o Pacto Global da ONU recomenda que empresas contratem 30% de líderes mulheres até 2025 e 50%, até 2030. Grandes companhias já anunciaram a adoção dessas metas dentro das suas ações ESG (Ambiental, Social e de Governança), mas algumas vão além. É o caso da incorporadora BFabbriani, de Itajaí, que decidiu colocar mulheres em 90% dos cargos de liderança.

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Como a construção civil é uma das maiores geradoras de empregos, mas, tradicionalmente, contrata mais homens, a empresa decidiu fazer a diferença. Quase todas as funções administrativas são ocupadas por mulheres, com destaque para a engenheira-chefe Laura Regina Franczak. Dos 14 cargos do escritório, 12 são ocupados por mulheres. A decisão de fazer a diferença foi do CEO Bruno Fabbriani, observando a desigualdade desse mercado. No Brasil, são mais de 2 milhões de pessoas que trabalham no setor, mas apenas 10%, ou seja, 200 mil, são mulheres.

– Resolvemos ser proativos para diminuir a discriminação de gênero no segmento, implementando planos de carreira voltados exclusivamente para que as mulheres ocupem seu espaço de direito em todos os setores da sociedade – afirma o empresário que em 2014 mudou a sede da BFabrriani do Rio de Janeiro SC.

A Neoway, de Florianópolis, líder em Big Data Analytics e inteligência artificial na América Latina, é uma das empresas do setor de tecnologia que adotaram a sugestão da ONU para ter 50% de mulheres até 2030. No começo deste ano, do quadro total da empresa, 28% eram mulheres. Ela criou o comitê NeoLadies para promover e apoiar ações que fortaleçam a igualdade de gênero na empresa.

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A vice-presidente de Marketing da Neoway, Fernanda Baggio, chama a atenção para o fato de as mulheres ainda serem minoria no setor de tecnologia da informação e que o trabalho para mudar essa cultura não é simples. Desde que assinou os princípios da ONU para ter mais mulheres na liderança, a empresa desenvolve ações visando oferecer um ambiente igualitário para homens e mulheres.

A multinacional Engie Brasil Energia, com sede em Florianópolis, segue a gestão global da companhia em ESG. Em função disso, já anunciou que até 2030, as mulheres deverão ocupar 50% dos cargos de liderança na empresa. Em 2019, segundo o relatório social, elas ocupavam 24% dos cargos.

Outra que adotou o pacto da ONU para mulheres é a BRF, dona da Sadia, Perdigão e Quali. A companhia informa que atingiu 24% de mulheres em 2021, sendo que a meta é 30% até 2025. A presença feminina em cargos executivos estava em 15% no ano de 2018. Entre os fatos que mostram uma virada rápida da companhia nessa área foi que do total de trainees contratados ano passado 55% foram mulheres, e dos ntegrantes do programa Supervisores Acelera, 40% eram mulheres. A BRF também criou o programa Elas em Foco, para desenvolver lideranças femininas internamente. 

A Irani Papel e Celulose, com sede em Vargem Bonita, interior de Santa Catarina, também anunciou adesão à meta da ONU. Até 2030, prometeu elevar para 40% o número de mulheres colaboradoras e para 50% no total de cargos de liderança.

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Essa disposição de grandes empresas adotarem a recomendação do Pacto da ONU indica que, num prazo não tão distante, haverá uma equidade de gênero nas lideranças empresariais e também em outras áreas, especialmente públicas. Esse movimento precisa ser acompanhado, também por remuneração igualitária.