Em fase final de negociações, o acordo Mercosul e União Europeia (UE) promete ativar mais negócios entre empresas lideradas por mulheres nos dois blocos econômicos. Uma das decisões no 8º Encontro Gênero e Comércio nos Blocos Regionais, realizado quinta e sexta-feira (9 e 10) pela Convergência de Mulheres Empresárias do Mercosul (CEMB) em São Paulo foi a criação de uma plataforma digital para que mulheres empreendedoras dos dois blocos realizem negócios entre si.

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A informação é da presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Maria Teresa Bustamante, que também é conselheira da Câmara de Comércio Internacional (ICC). Ela presidiu, no evento realizado na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiep), a mesa de discussões sobre impacto do acordo Mercosul-União Europeia.

– A União Europeia deverá facilitar os recursos (inteligência) para a criação dessa plataforma, para que a partir dela também possam ser conectadas diversas plataformas nacionais existentes voltadas a promover negócios. Neste caso, o ICC, em que participo como membro do Conselho Geral, disponibiliza junto com o International Trade Center e o Banco Mundial as fontes de informações comerciais. Em Santa Catarina, a Fiesc é o ponto focal destas trocas de informações por meio da plataforma Intercomp – Internationational Competitiveness – disse Bustamante.

Segundo ela, foi relevante constatar nesse encontro de gênero e comércio nos blocos regionais o grande número de mulheres que são empreendedoras e realizam negócios internacionais.

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Participaram na mesa presidida pela presidente da Câmara da Fiesc o embaixador Philip Fox-Drumond Gough, diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; a deputada e membro do Parlamento Europeu Immaculada Rodriguez Piñero; o representante da Delegação da UE no Brasil, Vicente Luna; e a embaixadora do Itamaraty em SP, Irene Vida Gala.

Educação das mulheres e competição

Especialista no tema de gênero nas relações internacionais, a embaixadora Irene Gala chamou a atenção em sua fala sobre os impactos da cultura e educação para mulheres e disposição para competir no comércio internacional. Segundo ela, enquanto os homens até recentemente foram educados para competir, para vencer guerras, as mulheres eram educadas para cooperar.

– Nós somos frutos de uma construção social em que a mulher trabalha no espírito de cooperação enquanto o homem já começa, criancinha, competindo. A competição é o que o menino começa a fazer no jogo quando ele vai brincar e as meninas vão fazer, gregariamente, outro tipo de brinquedo – comparou Irene Gala.

Ela disse que fala sobre isso com frequência para jovens, para destacar aos meninos que eles estão sendo educados de forma diferente hoje. Mas reforça que na geração dela, os homens foram educados para uma organização competitiva.

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– Então, temos que levar isso em conta quando a gente olha o sistema internacional. A competição ainda é elemento determinante. E ainda para falar disso eu vou buscar um fato muito recente que tem a ver com o clima de guerra que a gente vive hoje. O mundo é historicamente marcado por guerras. A guerra foi sempre o mérito dos homens. Os homens guerreiros eram os que lideravam as sociedades, o mérito estava na guerra. A paz começa a ser um elemento valorizado com o cristianismo e, mesmo assim, depois Santo Agostinho cria a história da guerra justa – destaca a embaixadora.

Segundo ela, então, quando termina a Segunda Guerra Mundial e é criada a Organização das Nações Unidas (ONU), a ideia foi consagrar tempos de paz. Mas, foi conseguido apenas um período de 200 anos de paz, durante a paz romana (nos últimos 2,4 milhões de anos).

Empresárias terão plataforma para negócios entre Mercosul e União Europeia

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