A catarinense RBE, que atua no mercado livre de energia, assinou recentemente um megacontrato de compra de energia de 20 MW médios, para período de 10 anos, com a multinacional americana AES Brasil. As partes não divulgaram o valor, mas considerando o tipo de operação, Power Purchase Agreement (PPA), envolveu centenas de milhões de reais.
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O objetivo é ter o insumo com bom preço para oferecer a clientes do mercado livre, segmento que vai crescer com mudança na legislação até o começo de 2023, afirma o diretor-executivo da RBE, Álvaro Garske Scarabelot. Segundo ele, atualmente, em Santa Catarina, comprar energia no mercado livre está cerca de 32% mais barato do que no mercado cativo. Em anos anteriores variava de 22% a 26%.
Mas, no país, em função do limite atual, apenas cerca de 100 mil empresas têm acesso ao mercado livre. Podem participar somente grandes e médias empresas com conta de luz de R$ 30 mil ou mais. O diretor acredita que o PL 414 de 2021, que tramita no Senado, vai abrir esse mercado para média e baixa tensão. o que vai elevar para 200 mil o total de empresas que poderão acessar o mercado livre. A expectativa é de que sejam aceitas empresas com contas menores, na faixa de R$ 3 mil a R$ 2 mil por mês.
– Pensando nessa abertura, a gente fez esse contrato de energia mais para o longo prazo, exatamente para poder ter junto com outra estratégia, que é uma loja online (de energia) que a gente está desenvolvendo até o final deste ano ou início do ano que vem, e também pesando na sinergia com a carteira da Ciser no varejo – explica Scarabelot.
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Com 11 anos de atuação, a RBE é uma empresa do Grupo H. Carlos Schneider (Grupo HCS), de Joinville, com 140 anos de mercado, controlador da Ciser, fabricante de fixadores que tem uma carteira de 20 mil clientes em 25 países. Além disso, o grupo controla também as empresas Hacasa Empreendimentos Imobiliários, Intercargo Soluções de Logística e Agropecuária Parati. O plano é oferecer também energia livre para clientes do grupo, em especial os varejistas da Ciser.
O contrato com a AES Brasil é de energia elétrica renovável, resultou de negociações de mais de um ano e foi fechado num período de preço favorável, explica Scarabelot, que antes de entrar na RBE ano passado, atuou por anos numa grande comercializadora de energia e também na Engie. Na função atual, está à frente das atividades de gestão e venda de energia no mercado livre.
Entre os clientes da RBE, além da Ciser, estão mais de 100 indústrias e empresas de outros setores como o parque Beto Carrero World, em Penha, e a varejista Milium, que tem matriz em Joinville. A empresa faz gestão e compras na Câmara de Comercialização de Energia (CCE).
A RBE também vem fazendo estudos para investimentos em geração de energia limpa, nos segmentos de PCHs, solar e eólica. As PCHs poderão ser feitas em propriedades do Grupo HCS em Minas Gerais ou na região de Joinville (onde tem 10 milhões de hectares de reservas florestais incluindo nascentes de rios).
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Os projetos de geração solar estão sendo estudados para Minas e os de eólicas, para o Rio Grande do Sul ou Santa Catarina. O plano da RBE é alcançar geração futura de pelo menos 1.000 MW. Os investimentos em energia eólica deverão ser realizados em parceria com outros grupos empresariais.