Gerou preocupação o resultado do primeiro leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para importação de arroz para conter alta de preços devido às chuvas no Rio Grande do Sul. Isso porque as quatro empresas vencedoras não têm capital social para fazer negócio tão grande. O diretor da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Renato Franzner, diz a decisão do governo federal de importar até 1 milhão de toneladas de arroz foi uma medida muito grande diante do problema.
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As empresas vencedoras do primeiro leilão foram a Queijo Minas, do Amapá, a Zafira Trading de Florianópolis, ASR de Brasília e a Icefruit, de São Paulo. Dessas, a Zafira é a única que atua com comércio exterior, mas a princípio não tem porte para uma operação de R$ 369,1 milhões em importação de 73,8 mil toneladas de arroz.
Em nota publicada sábado (8), a Conab informou que vai convocar as Bolsas de Mercadorias e Cereais para apresentar comprovações de capacidade técnica e financeira das empresas que venceram o leilão para compra de arroz beneficiado importado. O presidente da estatal, Edegar Pretto, disse que a transparência e a segurança jurídica são princípios inegociáveis.
Segundo o diretor da Abiarroz, Renato Franzner, antes das chuvas os preços do arroz no Brasil e Mercosul já estavam um pouco pressionados, por isso não estavam atrativos para exportação. Com a enchente e a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que poderia faltar arroz e que o governo importaria 1 milhão de toneladas, produtores do Mercosul começaram a segurar produtos para ter alta de preços e os consumidores correram para fazer estoque. Isso elevou os preços em cerca de 25% a 30%.
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– O governo tinha que fazer alguma coisa porque o produtor estava especulando. Mas só que ele fez um negócio muito grande com as importações – avalia o diretor da Abiarroz.
Segundo ele, bastaria fazer uma oferta maior de produto com preço menor via Conab, internamente para levar os preços de volta ao patamar de mercado. Isso porque o Brasil plantou mais, e colheu quase 11 milhões de toneladas. As perdas no Rio Grande do Sul foram de 300 mil toneladas, bem abaixo do estimado.
Além disso, tem mais 3 milhões de toneladas produzidas pelos demais países do Mercosul, o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. Em média, o Mercosul produz 15 milhões de toneladas ou perto disso e exporta cerca de 3 milhões para países da América Latina e a América Central.
Os Estados Unidos também produzem cerca de 11 milhões de toneladas de arroz e exportam cerca de 3 milhões para esses mesmos mercados do Brasil.
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Conforme do diretor da Abiarroz, após esse movimento, o preço da saca de arroz teve recuo, mas a expectativa é de que fique cerca de 10% mais caro frente aos preços antes da enchente gaúcha. Porém, o dólar alto também está pressionando um pouco mais agora.
E como muitos consumidores anteciparam as compras, as indústrias do setor estão trabalhando com cerca de 50% da capacidade.
O governo previu a importação de 1 milhão de toneladas, mas no primeiro leilão foram compradas apenas 300 mil. Para o empresário, pode ser difícil complementar essa importação porque as grandes tradings que atuam no setor não estão participando do processo.
Questionado sobre quem vai vender o arroz do governo federal, Renato Franzner disse que a expectativa é de que a oferta desse produto seja maior nas regiões Nordeste e Norte. Nas demais, a tendência é o consumidor seguir fiel às marcas locais.
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