Diante de novas influências da inteligência artificial na educação, como o Chat GPT, numa fase em que os impactos da pandemia ainda pesam, o desafio de formar pessoas requer mais colaboração de todos os envolvidos. Essa foi mensagem de especialistas no painel “Talento para as cidades – um papo sobre educação”, no Summit Cidades 2023, realizado em Florianópolis na última semana, numa iniciativa da Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Fepese) e parceiros.
Continua depois da publicidade
Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
palestrantes do painel, a doutora em Educação pela Universidade de Harvard, Lucia Dellagnelo, também fundadora e ex-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB); e o professor de Administração da UFSC, Maurício Pereira, doutor em Engenharia de Produção pela UFSC e ex-secretário de Educação de Florianópolis, abordaram diversos desafios atuais da educação.
Lucia Dellagnelo destacou que um dos três eixos para a educação do futuro que integram o “Novo contrato social para a educação” lançado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no final de 2022 é a necessidade de desenvolver habilidades de colaboração e cooperação dos estudantes. Isso ajudará a gerar soluções necessárias diante de tantas mudanças devido à tecnologia. Os outros dois eixos são sustentabilidade e aprendizado sobre tecnologia.
– A escola precisa ter, na sua essência, alguns elementos que fazem parte desse novo mundo em que estamos: pensamento crítico, criatividade, colaboração e cooperação. Chamamos isso de trabalho em equipe. Precisa ter comunicação que faça sentido para o contexto em que o professor se encontra à luz da história do seu estudante, tecnologia e inovação – explicou o professor Maurício Pereira.
Continua depois da publicidade
Como o evento foi para cidades, Lucia Dellagnelo chamou a atenção também para a cooperação entre municípios. Segundo ela, as prefeiturastêm papel fundamental na entrega da educação infantil com qualidade porque cada vez mais evidências estão mostrando que ela faz toda a diferença nas etapas do desenvolvimento do estudante. É preciso olhar a educação infantil não só como cuidado das crianças, mas como promoção do desenvolvimento cognitivo e emocional delas.
– As instituições públicas e privadas devem ser criativas e cooperar entre si na definição de estruturas para avançar em educação. Os consórcios regionais podem ser solução para resolver a questão da formação de professores. Isso porque é muito difícil que municípios de qualquer região do Brasil tenham capacidade e recursos para fazer esse tipo de trabalho sozinhos – aconselhou Lucia Dellagnelo.
Inteligência artificial nas escolas
Sobre o atual momento da tecnologia, a especialista disse que nos últimos anos, como presidente do CIEB, participou de uns 10 congressos de educação no mundo sobre inteligência artificial, o que chegou a chamar a atenção dela por parecer um assunto não tão urgente para a área. Mas com o lançamento do Chat GPT em dezembro passado, que impactou muitos setores em especial a educação, ficou clara a urgência desse tema.
– A tecnologia é, sim, uma ferramenta pedagógica, mas a gente precisa aprender sobre tecnologia. E aí com o advento da inteligência artificial na educação, que é o Chat GPT, ficou muito claro que as pessoas precisam aprender sobre tecnologia, como é que funcionam essas tecnologias para que possam interagir de maneira reflexiva, ética e responsável com elas – alertou Lucia Dellagnelo.
Continua depois da publicidade
Sobre a vivência diária dos professores nas salas de aula, principalmente os que atuam no ensino médio e superior, o professor Maurício Pereira disse que a nova realidade exige outra postura. A compreensão e o ‘aprender fazendo’ são necessários.
– Hoje, precisamos do professor tradutor da tecnologia, aquele que impulsiona o pensamento crítico, a criatividade e a inovação dos seus estudantes – ressaltou ele.
Segundo Maurício Pereira, para ser professor “Nota 10” é preciso três passos. O primeiro é ler o mundo com a lente da sua disciplina. Se é professor de matemática, deve ler o mundo com essa lente, tudo gira em torno da matemática. Segundo: é preciso ter boa didática, que encante e faça os olhos dos estudantes brilhar. E em terceiro lugar, é preciso ter habilidade socioemocional, ‘ciscar’ para dentro, não cair em armadilhas, dar um ‘bom dia’ agradável, ser o professor que conhece a individualidade do seu estudante, aconselha Maurício Pereira.
– E o estudante precisa ser o grande curador de si, do seu provir, de construir ao longo da sua vida a sua carreira. Quando o professor entende que o estudante cuida da própria carreira, vai ajudar ainda mais nesse aprendizado. Alguém pode pensar que hoje é mais difícil dar aula porque os estudantes têm acesso às informações, querem ter voz, são agentes ativos dos processos de ensino e aprendizado. Então, não é mais difícil, mas é diferente – explica o professor.
Continua depois da publicidade
Para Lucia Dellagnelo, na formação de talentos, Santa Catarina precisa dar uma atenção especial ao ensino médio porque perdeu posição no ranking nacional nessa fase. Estava entre os estados com as maiores notas, a exemplo do ensino fundamental, mas nos últimos anos caiu e está na posição 18 entre os 26 estados e do Distrito Federal.
Ela chamou a atenção ainda para a contradição enfrentada com o pleno emprego no Estado. Isso porque muitos jovens estão deixando de estudar para trabalhar. Mas ano não concluir o ensino médio ou também o ensino superior, esses anos de educação poderão fazer falta para o crescimento profissional futuro, seja na área executiva, seja no empreendedorismo.
Leia também
Pensou em contratar consórcio de educação para seus filhos?
Capelania leva ‘confessionários’ às empresas para melhorar clima no trabalho
Empresas de SC estão entre as que mais geram valor aos acionistas
Engie e Intelbras apresentam projetos de energia renovável na Expogestão
Grupo Koch de supermercados inaugura loja de atacarejo em Garopaba
“A WEG contribui na migração de motores à combustão para elétricos”, diz diretor da companhia