Embora cada município e prefeitura tenham suas condições econômicas e financeiras diferenciadas, o fato de o Brasil e, em especial, o estado de Santa Catarina estarem numa fase de crescimento econômico com baixo desemprego – em SC a taxa de desocupação é de apenas 3,2% – ajudou nos resultados das urnas neste domingo, tanto nas reeleições, quanto nas eleições de prefeitos e vereadores.

Continua depois da publicidade

Entre na comunidade exclusiva de colunistas do NSC Total

Quando a economia está em crescimento, as pessoas estão empregadas, contam com serviços públicos necessários e têm percepção de que a boa fase econômica vai continuar. Elas tendem querer manter esse cenário e por isso votam em quem está no poder. Mas quando surge crise econômica, desemprego, inflação e juros altos, a situação desconfortável faz mais pessoas escolherem um líder que possa melhorar isso.

O Brasil tem alguns exemplos da influência econômica em eleição. Um deles envolveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2003). Em 1998, ele foi reeleito no primeiro turno porque liderou o Plano Real que derrubou a inflação no país . Mas em 2002 ele não conseguiu eleger o sucessor porque a seca que atingiu o Brasil gerou crise econômica, o que causou problemas para a maioria dos brasileiros e isso facilitou a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2018, o candidato Jair Bolsonaro conseguiu vencer a eleição presidencial porque muitos brasileiros estavam insatisfeitos com impactos da recessão de 2015 e 2016, resultante de medidas do governo de Dilma Rousseff (PT). Afetados pela crise, optaram pela mudança na eleição.

Continua depois da publicidade

Em Santa Catarina, a economia vem crescendo acima da média nacional nos últimos anos e mantém esse ritmo. Segundo projeção feita pela Secretaria de Estado do Planejamento, ela cresceu 3,8% nos últimos 12 meses até junho de 2024. O Brasil, no mesmo período, cresceu 2,5%. A estimativa é de que SC vai crescer 3,5% no ano de 2024.

Esse ritmo positivo da economia catarinense ajudou na reeleição ou eleição de prefeitos e vereadores. Prefeitos de boa parte dos maiores municípios de SC foram reeleitos como Topázio Neto em Florianópolis, Adriano Silva em Joinville, Orvino de Ávilla em São José, João Rodrigues em Chapecó, Eduardo Freccia em Palhoça e Jair Franzner em Jaraguá do Sul.

Em Blumenau e Criciúma venceram os candidatos Egídio Ferrari e Wagner Bastos (Waguinho), respectivamente apoiados pelos gestores (as) atuais das prefeituras. O bom momento da economia também colabora para reeleição de vereadores que, no parlamento, conseguem aprovar mais projetos a serem executados pelas prefeituras porque essas têm recursos.  

O diretor interino de Contas de Governos do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC), Leonardo Favaretto informa que a maioria das prefeituras catarinenses, em função dessa boa fase da economia, estão em boa situação financeira. Ele também avalia que a economia em alta facilita a vitória em cargos eletivos.

Continua depois da publicidade

De acordo com Leonardo Favaretto, fato que comprova o bom momento financeiro das prefeituras de SC é que no primeiro quadrimestre deste ano (2024) todas ficaram dentro do limite de gastos com pessoal, de até 60% da receita corrente líquida.

– O que nos preocupa são déficits orçamentários, que pouquíssimas prefeituras têm, que é uma situação financeira um pouquinho complicada. O déficit orçamentário anual (despesas maiores que as receitas) preocupa porque pode ser causa de o Tribunal de Contas ter um olhar mais atento, inclusive de emitir parecer para a rejeição das contas – explica Leonardo Favaretto.  

As receitas municipais são compostas por cerca de 50% de recursos próprios, vindos de tributos municipais, e 50% de transferências do Estado ou da União, que inclui participação no ICMS, Fundo de Participação dos Municípios e outras.

Os impostos municipais são o Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e outros. As transferências da União e do Estado, este ano, têm sido com aumento real (excluindo a inflação), mais uma prova de que as receitas públicas estão em alta e facilitam a vida dos gestores, inclusive para ganhar uma eleição.

Continua depois da publicidade

Leia também

Líder global em eletrodomésticos tem em SC a fábrica com melhor qualidade do mundo

Startup que compartilha guarda-chuvas avança em empresas de SC

Engie investe R$ 4 milhões em pesquisas sobre clima; uma prevê mais chuvas no futuro

Tradicional indústria de refrigerantes de SC lança linha de águas funcionais

Prefeitos eleitos têm desafio liderar cidades para um mundo cada vez mais digital

Completando 10 anos em SC, BMW anuncia investimento de R$ 1,1 bilhão no Brasil até 2028