Entre as novidades na lista de bilionários de 2020 da revista Forbes Brasil, com 238 nomes, 33 a mais do que no ano anterior, estão 13 acionistas de uma mesma empresa, a WEG, multinacional de Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Como o conglomerado industrial que atua nos segmentos de motores elétricos, automação, soluções de energia e tintas chegou lá? A WEG passou a brilhar mais na bolsa de valores do Brasil, a B3, este ano, mas os resultados consistentes que levaram a isso vêm do modelo de gestão da companhia, com ênfase em tecnologia e boa governança corporativa.

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Numa cidade de descendentes de imigrantes europeus, três jovens empreendedores decidiram unir talentos para fabricar motores elétricos. Em 16 de setembro de 1961, o administrador Eggon João da Silva, o eletricista Werner Voigt e o mecânico Geraldo Werninghaus uniram os recursos que tinham e fundaram uma empresa. A marca WEG foi escolhida com base nas iniciais dos nomes dos três e, em alemão, significa “caminho”. 

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Os industriais, com algumas experiências anteriores, decidiram fazer produtos de qualidade e realizar uma gestão com ética e respeito a todos os seus públicos: acionistas, clientes, fornecedores, setor público e comunidade. A busca de consenso na gestão também foi fundamental para manter os acionistas unidos.

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Com esses pilares, a empresa cresceu ano após ano, sempre atenta a oportunidades. Um dos pontos altos foi a ênfase na qualificação dos trabalhadores, com a fundação, em 1968, de um centro de formação técnica próprio, inspirado no modelo industrial da Alemanha. Algumas décadas depois já apresentava atuação diversificada e um negócio robusto, com atuação em motores elétricos, soluções para energia, automação industrial e tintas.

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Entre os diferenciais da WEG, um que chama a atenção é a resiliência a crises. Apesar das dificuldades no Brasil ou exterior, a companhia tem apresentado sempre lucro relevante nas últimas décadas. A única exceção foi na recessão causada pelo plano Collor, no início dos anos de 1990.

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Atualmente, a companhia trabalha com um foco para atender seus diversos mercados e outro no desenvolvimento de inovação, dentro das suas áreas de negócios ou um pouco além. Entre os projetos inovadores estão parceria com a Embraer para o desenvolvimento de um avião movido totalmente à propulsão elétrica, desenvolvimento de tecnologias no âmbito da indústria 4.0 e tecnologias para energia limpa entre as quais usinas solares.

A atuação global também é um ponto alto da companhia, com fábricas nas Américas, Europa e Ásia, além de unidades comerciais nos diversos continentes. Dos cerca de 33 mil trabalhadores, mais de 10 mil estão no exterior. O fato de não atuar num setor de commodities e, por isso, ter mais condições de definir seus preços, também faz diferença no resultado final.

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Essa diversificada atuação e expertise em tecnologia dá condições à empresa, também, de fazer produtos temporários voltados à coletividade. Para ajudar o Brasil a perder menos vidas durante a pandemia, a WEG entrou temporariamente, mas rápido, este ano, na produção de ventiladores pulmonares de UTIs. Fez acordo tecnológico com fabricante local e produziu mais de 1.500 respiradores LW3.

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No balanço do segundo trimestre deste ano, a WEG apresentou lucro líquido de R$ 514,4 milhões, 16,9% superior ao do mesmo período do ano passado, e receita líquida de vendas de R$ 4,064 bilhões, com alta de 23,7% ante o mesmo trimestre de 2019. A cotação das ações da companhia começou a subir mais este ano. Em oito de outubro de 2019, por exemplo, estava em R$ 22,81. O salto maior aconteceu a partir de julho deste ano. Na última sexta-feira, as ações WEGE3 fecharam em R$ 64,25, o que representa uma alta de 181% frente ao valor de outubro do ano anterior.

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Foi o fato de a empresa se tornar uma das queridinhas da bolsa e gerar essa valorização expressiva das ações que colocou 13 acionistas da companhia na lista da Forbes. Esse grupo dos 13 é composto por integrantes das três famílias fundadoras da WEG. Isso foi possível porque elas seguiram unidas, com sólida governança, cada uma com 33,3% da holding WPA Participações, que detém 50,1% do capital da companhia. Além disso, as famílias têm mais 14,4% do total de ações da empresa.

O administrador Eggon João da Silva sempre se empenhou para que a empresa não tivesse divisões e, assim, atingisse vida longa. Os três fundadores já faleceram, mas a segunda geração, à frente do conselho, segue o mesmo modelo de gestão. 

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Além do controle acionário da WEG, a WPA também é dona da Oxford Porcelanas e detém 3,5% das ações da BRF, participação que vem desde quando Eggon articulou a recuperação da Perdigão em 1993. A expectativa é de que, nos próximos anos, um número maior ou menor de integrantes das famílias Silva, Voigt e Werninghaus pode fazer parte da lista anual da Forbes. Isso vai depender, principalmente, dos resultados da WEG e/ou da alta das suas ações na bolsa. A trajetória até aqui indica que a empresa tem fôlego para seguir com resultados positivos, mesmo em momentos de adversidades.