Pela primeira vez, no Brasil, o óleo diesel passou a ser mais caro do que a gasolina. Isso está acelerando a instalação de sistemas de gás natural veicular (GNV) em caminhões. Empresas buscam essa alternativa porque o uso de gás reduz, atualmente, entre 18% e 22% as despesas de combustíveis, e em cerca de 50% as emissões, informa o empresário Federico Prestipino, sócio da Fegás, de Palhoça, pioneira na América Latina nesse tipo de conversão.

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Em média, um caminhão faz dois quilômetros com um litro de diesel, cujo preço, em Florianópolis, estava em cerca de R$ 6,7 na última semana. Conforme o empresário, a despesa mensal de um caminhão em operação, com diesel, fica em torno de R$ 30 mil. Se houver economia próxima de 22%, é possível poupar R$ 6 mil por mês.

Quando o preço do diesel subiu nas alturas por causa da guerra na Ucrânia no primeiro semestre deste ano, houve uma corrida de empresas para fazer a conversão de caminhões. A demanda cresceu 100% este ano frente a 2021, após avançar 35% no ano anterior, informa o líder da Fegás.

Montadoras com atuação mundial oferecem no Brasil caminhões totalmente a gás natural, como a Scania e a Iveco. Mas a solução brasileira, de instalação de sistema ou kit de GNV mantendo o funcionamento com diesel é mais prática. Isso porque quando termina o gás um sistema digital do veículo passa para o uso de diesel sem afetar o trabalho do caminhão. Em média, os kits de gás fazem de 600 a 800 quilômetros.

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Quem oferece essa solução digital é a Fegás, que desenvolveu tecnologia própria. O empresário Federico Prestipino diz que após trabalhar mais de uma década com instalação de gás natural para automóveis, resolveu migrar para caminhões há quatro anos, sendo pioneiro na América Latina. Criou a tecnologia e solicitou o registro da patente no Brasil. Para oferecer a segurança necessária, usa somente materiais aprovados pelo Inmetro.

Nesse período, instalou mais de 250 unidades para empresas de todos os portes. Entre os clientes estão grandes companhias nacionais como a Vibra, Gabardo, Grupo Cetric, Júlio Simões e American Oil. Para a chapecoense Cetric, a Fegás instala sistema para uso de biometano, produzido pela própria empresa do Oeste de Santa Catarina.

Enquanto um caminhão grande que usa 100% de gás natural custa R$ 1,3 milhão, a aquisição de um caminhão comum está em torno de R$ 700 mil. O kit para conversão requer investimento de R$ 50 mil em média, valor que pode ser financiado por instituições financeiras, informa o empresário.  

O GNV surge também como alternativa para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, uma exigência crescente para as empresas emprenhadas em cumprir metas ESG. Como um caminhão 100% a gás reduz em 80% as emissões, um sistema misto diesel-gás permite reduzir para uma média de 50%.

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Corredores com postos de gás natural

O presidente da SCGás, Willian LehmKuhl, observa que esse é um exemplo de como a realidade de mercado se impõe diante de preços altos. Por isso, a companhia estuda a criação de corredores “azuis” e/ou “verdes”, com postos de combustíveis que oferecem gás natural ou biometano (combustível ecológico com a mesma função do gás natural) ao longo de rodovias. Uma das rotas deve ser a de Chapecó até o complexo portuário de Itajaí.

– O mercado está sempre surpreendendo. Os caminhões já estão rodando por aí com gás natural por iniciativa própria de motoristas ou transportadoras. O que a gente precisa fazer é dar uma resposta na hora nas linhas de abastecimento nesses corredores logísticos – avalia Willian LehmKuhl.

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