Entre os investimentos das empresas na área de sustentabilidade, os que visam economizar água estão entre os que recebem maior prioridade. Dois grupos empresariais catarinenses estão entre os que têm projetos de vanguarda nessa área, que podem ser referência neste Dia Mundial da Água. A BRF, dona da Sadia e Perdigão, uma das maiores produtoras de proteína animal do mundo, trabalha para reduzir em 13% o consumo de água até 2025 e a Malwee, tradicional indústria de confecções, usa diversas tecnologias e conseguiu reduzir em cinco anos 36% do consumo de água, 1,3 bilhão de litros, informa o CEO Guilherme Weege.
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O esforço da BRF em economizar água envolve as unidades de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná com a campanha “Se liga, economiza”, coincidindo com a região afetada pela seca no país atualmente.
A unidade de Campos Novos, uma das maiores do grupo no Brasil, conseguiu economizar 1,67 milhão de litros de água em 2021, o que equivaleu a 139,1 mil litros a menos por mês. Em outra frente, o frigorífico reaproveita água em atividades que não requerem o insumo na forma potável, como no transporte de resíduos em calhas e para lavar alguns equipamentos.
O reuso de água é importante também na unidade de Capinzal, onde cerca de 50% da água é reaproveitada. É utilizada para lavagem de caminhões, gaiolas e em bombas à vácuo para transportes de resíduos em calhas. No ano passado, esse reuso em Capinzal somou 1,347 bilhão de litros, sendo 112,2 milhões por mês.
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A primeira a atingir a meta de 13% de redução de consumo de água foi a unidade de Toledo, no Paraná, ainda no ano passado. De acordo com a diretora de Sustentabilidade da BRF, Mariana Modesto, preservar o meio ambiente e ser ecoeficiente é uma das ambições do Plano de Sustentabilidade da BRF.
Em Jaraguá do Sul, o CEO do Grupo Malwee, Guilherme Weege, lidera uma série de ações inovadoras para reduzir o consumo de água, tendo como referência que o setor têxtil mundial responde por 4% da captação de água doce e por 20% da poluição de rios e córregos. Segundo ele, o grupo é pioneiro no uso de tecnologias que reduzem ao máximo o consumo de água.
– Criamos uma nova técnica para tingimento de malhas na cor neon utilizando 90% menos água que os processos tradicionais. Já as cores pretas utilizam 80% menos água. Também fizemos melhorias no processo de pré-alvejamento e desenvolvemos cores com corantes de alto esgotamento, além de reuso do banho de tingimento. Desta forma, nos últimos 5 anos (2015-2020) conseguimos uma economia global de 36%, totalizando 1,3 bilhão de litros de água – suficiente para abastecer 1.000 famílias durante 10 anos – revela Guilherme Weege.
Segundo ele, outra grande inovação foi a instalação do Lab Malwee Jeans em Jaraguá do Sul. Ele abriga a única lavanderia 5.0 da América Latina que produz o jeans mais sustentável do Brasil com até 98% menos água e sem uso de produtos químicos que poluem rios e oceanos. As primeiras 127 mil peças com essa tecnologia permitiram economizar mais de 7,6 milhões de litros de água, o suficiente para família de três pessoas por 63 anos.
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O Grupo Malwee, hoje, trata 25% de toda a água que usa no processo fabril em um moderno sistema de efluentes, também pioneiro na América Latina, que permite reusar a água no processo produtivo.
Como a preservação da natureza e o social são prioridades no grupo, ele lançou durante a COP-26 o Plano ESG 2030, com quatro metas. Elas incluem reduzir em 30% o uso de água captada por peça produzida no processo industrial da empresa até 2030, em relação a 2020; zero geração de substâncias restritas nos efluentes até 2030 em relação a 2020; calcular a pegada hídrica organizacional; e promover ações de redução de consumo de água ao longo de toda a cadeia.