Uma semana após aplicar tarifas de 10% para importações da China e postergar taxação de 25% ao México e ao Canadá, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informa que vai adotar tarifa de 25% para importações de aço e alumínio. Essa medida foi sinalizada neste domingo e, se entrar em vigor, colocará o Brasil diretamente na guerra comercial promovida pelo americano.

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A economia de SC será afetada indiretamente porque, por enquanto, não realiza exportações relevantes desses minérios ao mercado americano. O estado conta com unidade de aços especiais da ArcelorMittal, mas até o final de 2024 ela não havia informado sobre realização de exportações aos EUA.

O economista-chefe da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Pablo Bittencourt, avalia que o anúncio dessa tarifa de 25% sobre importação de aço e alumínio, além de prometer reciprocidade tarifária a partir desta terça-feira ou quarta, é um dos piores cenários para o Brasil por três motivos.

O primeiro é porque o Brasil é um grande exportador de aço aos EUA, perdendo apenas para o Canadá em volume, mas o Canadá está com tarifas suspensas. O segundo motivo que preocupa, na avaliação do economista, são as tarifas médias.

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– O Brasil aplica uma das maiores tarifas médias de importação aos EUA. Dessa forma, as tarifas de importação dos EUA cresceriam mais para muitos produtos brasileiros do que para vários de seus concorrentes – afirma Pablo Bittencourt.

E o terceiro desafio destacado pelo economista é o fato de que tarifas mais altas nos Estados Unidos elevam, também, o temor de mais inflação no mercado do país.

– A consequência é expectativa de juros mais altos nos EUA e fuga de dólares para lá. Contudo, Trump ainda não informou quais países serão objetos das novas tarifas. Se o Brasil não entrar, nossa condição de observador da guerra tarifária nos colocaria em posição de identificar oportunidades abertas pela perda de competitividade de países tarifados – analisa o economista.

Se o Brasil for afetado diretamente, os preços do aço no mercado interno podem ter redução, o que acabaria favorecendo fabricantes de máquinas, equipamentos e autopeças de Santa Catarina, pelo menos temporariamente.. Mas isso pode não significar vantagem de longo prazo porque os preços desses insumos são em dólar e tendem a se equilibrar no mundo.

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No primeiro mandato, Donald Trump taxou aço e alumínio para proteger a produção interna desses minérios. Adotou tarifa de 25% em março de 2018, mais de um ano após a posse, mesmo tendo prometido essa medida em campanha. Logo mais, o produto brasileiro teve redução de alíquota porque os fabricantes americanos usuários desses insumos pressionaram por preços menores.

Neste segundo mandato, Trump está adotando medidas muito mais duras e com muito maior rapidez. A princípio, como a indústria americana não está preparada para substituir os produtos importados, a expectativa é de alta da inflação interna e uma desorganização geral na economia mundial. Esse cenário de piora preocupa Santa Catarina porque os EUA são o maior mercado do estado nas exportações e também sofre com as altas do câmbio, que gera inflação.

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