O automobilismo, por ser um esporte individual, até poderia ter continuado as competições apesar da chegada da pandemia do novo coronavírus. Mas os organizadores dos eventos pararam cinco meses para proteger as equipes e aguardar, na esperança de poder voltar com público nos autódromos. A presença de torcedores é o que mais anima o piloto catarinense da Porsche Cup, André Gaidzinsnki, que neste sábado volta a competir no autódromo de Interlagos, em São Paulo, seguindo o rígido protocolo de prevenção à Covid-19. Vai largar às 11h, em quinto lugar no ranking GT3 Cup 3.8.

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Há três anos, André Gaidzinski decidiu retomar a carreira de piloto automotivo, uma paixão que começou quando criança, mas que foi interrompida em 2002 porque precisou se tornar conselheiro da indústria da família, a Eliane Revestimentos Cerâmicos, de Cocal do Sul, SC. Ele leva a sério a carreira que escolheu por vocação. Por isso, apesar das dificuldades impostas pelo isolamento social, não deixou de pilotar em simulador eletrônico, nem de fazer treino físico. E só conseguiu participar dos treinos desta semana em São Paulo e da prova de hoje porque testou negativo para o coronavírus.

Além da ausência do público, a Porsche Cup, considerada a competição mais elitizada do país, também não terá o público convidado para os camarotes, composto basicamente por empresários. É por isso que André Gaidzinski diz que os bastidores da competição oferecem muitas oportunidades de conexões e negócios entre empresas.

É esse grupo caixa alta, mais outros ricos como produtores rurais e profissionais liberais, que aquecem as vendas de veículos esportivos da marca alemã no país. Aliás, a exemplo do novo coronavírus, as vendas da Porsche tiveram crescimento exponencial no primeiro semestre deste ano no Brasil. O novo modelo esportivo 911 Carrera – que custa a partir de R$ 519 mil – registrou crescimento de 432% no período frente aos mesmos meses de 2019, enquanto as vendas totais da marca cresceram 90% no período.

Com foco em vitórias, o piloto teve o seu melhor resultado em 2018, quando ficou em segundo lugar e subiu no pódio de Interlagos diante de um público de 50 mil pessoas. Em média, nas competições, Gaidzinski conta que tem ficado entre os cinco melhores.

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A presença dele entre os finalistas também é a aposta dos seus patrocinadores, duas empresas catarinenses, a Teltec Solutions, do setor de tecnologia, de Florianópolis, e a Orbenk, de serviços, de Joinville. Para fazer a sua parte, poder treinar, o piloto investiu nos equipamentos em casa.

André Gaidzinski compete na categoria GT3 3.8
André Gaidzinski compete na categoria GT3 3.8 (Foto: Luca Bassano, Divulgação)

– Hoje, um simulador é fundamental para ter uma boa performance na pista. O equipamento é tipo um cockpit como se fosse um carro. Tem uma tela grande e um software que oferece uma fidelidade muito grande, a gente tem a sensação de estar na pista. A diferença é que a gente sabe que está em casa porque tem ar condicionado. Na pista, dentro do carro, a temperatura chega a 65ºC – afirma.

O gosto pelo automobilismo teve influência familiar, conta ele. Seu primo, Roberto Gaidzinski, competia com kart. A estreia de André Gaidziniski nas competições também foi no kart, aos 17 anos, com ajuda dos pais. Ele resgatou uma poupança que ganhou do pai, Edson Gaidziniski, quando era criança. Usou o dinheiro para comprar um chassi. A mãe, Yara Gaidzinski, também apaixonada por automobilismo, apoiou o filho com a finalização do carro e o levava para as competições. Foi um período, incluindo temporada nos EUA e Londres para treinar.

A parada em 2002 foi em função da doença do pai, que teve câncer no pulmão e faleceu em 2003. Durante 15 anos, além de atuar como conselheiro da Eliane, ele participou do associativismo empresarial, especialmente no Conselhho Empresarial de Jovens Empresários e da Federação das Associações Empresariais (Facisc).

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A volta às competições, agora, depois dos 40 anos, também tem apoio da mãe, que acompanha o filho nas provas sempre que pode. A namorada de André, Cintia de Pierre, é a chefe de equipe, e a filha Valentina, de 9 anos, também vai aos autódromos assistir o pai eventualmente.

Em outubro de 2018, a família Gaidzinski resolveu vender a indústria Eliane para o grupo americano Mohwauk, o que deixou o piloto ainda mais livre para seguir a carreira. Ele também deixou a gestão de duas incorporadoras imobiliárias em Florianópolis, a Ilha Morada e a Yara Empreendimentos.

O desafio de André Gaidzinski, para este ano é evitar a Covid-19, para não ficar afastado das provas, e buscar o primeiro lugar. Questionado se tem medo de acidente quando está competindo, ele diz que isso não passa pela cabeça.

– Não tenho medo, sou realizado no que eu faço. Eu gostava do que eu fazia, imaginei que não ia mais voltar, mas vejo hoje o quanto sou realizado com isso. Me emociona. E é um negócio que dá retorno – diz o piloto.

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Ele adianta que não será possível alcançar a receita prevista para este ano com patrocínio em função da pandemia. Mas está confiante de que, no ano que vem, as contas vão ficar no azul. Não terá mais que investir dinheiro próprio para ser piloto profissional.