Empresas do setor de tecnologia estão entre as que oferecem os mais elevados retornos a investidores, em média 25% ao ano. Com atenção a esse fato e o interesse em criar um novo polo financeiro de investimentos para fortalecer o ecossistema de inovação catarinense, o engenheiro Thiago Lobão e sócios abriram em 2020 a gestora Catarina Capital. Ele costuma dizer que a empresa vai “Da Ilha do Silício ao Vale do Silício”, com alternativas para investir em ações de empresas de SC, da Califórnia e de outras partes do mundo.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Blumenau e região direto no Whatsapp

A gestora criou o Newton Tech Fund, primeiro fundo de bolsa do país que atua somente com ações de tecnologia de empresas listadas na Nasdaq, NYSE e B3, que permite investimentos a partir de R$ 1 mil. Por meio de plataformas de bancos como o BTG Pactual e o Modal, a Catarina Capital oferece oportunidade para as pessoas começarem a investir com calma no setor. Assim, passam a conhecer mais sobre esse mercado e, depois, podem investir cifras maiores.

Desde o início, esse fundo de ações (Public Equities) tem apresentado retorno próximo de 30% ao ano em reais e em torno de 20% em dólar, informa Thiago Lobão, que também é CEO da empresa. No curto prazo, a meta é alcançar R$ 20 milhões e, para o médio prazo, R$ 200 milhões. A propósito, atualmente, a Catarina Capital faz a gestão de cifra superior a R$ 200 milhões, incluindo os fundos Newton, Primus I e outras operações.

– Tivemos um resultado sensacional no ano passado. Ficamos 40% acima do Ibovespa. Para quem gosta de bolsa foi espetacular! Este ano, estamos com uma janela de alocação escancaradíssima porque teve uma correção grande no mercado internacional em janeiro e fevereiro em função da taxa de juros americana. Então, a gente teve uma correção da cota. Está um momento muito bom para investir – observa o CEO Thiago Lobão.

Continua depois da publicidade

Segundo ele, o Newton Fund reúne ações de empresas com receita acima de US$ 5 bilhões, líderes em áreas como semicondutores, redes sociais, mobilidade, infraestrutura em nuvem, segurança cibernética, e-commerce, games, streaming, fintechs, software empresarial e outras. Entre as companhias estão Apple, Microsoft, Salesforce, Amazon, Fortnet, Intuitive Surticol e Nubank.

Além do fundo Newton, a Catarina faz a gestão do Fundo Primus I em parceria com a Fundação Certi. Ele atua com Venture Capital desde 2013 e tem R$ 120 milhões investidos. Até agora, foram realizadas 15 operações, das quais oito foram vendidas e trouxeram retorno aos seus cotistas, diz Thiago Lobão. Entre as vendas bem-sucedidas estão as das startups Hiper, para a Linx, e Zygo, para a PagSeguro.

No Primus I estão investidores institucionais como a Finep, BID e escritórios familiares, com aportes feitos em empresas do Sul do país e São Paulo. Além disso, a Catarina trabalha também com gestão de patrimônio (Tech Wealth).

De acordo com Thiago Lobão, em breve a empresa lançará o Fundo Primus II, que vai concentrar investimentos somente em Santa Catarina, com aportes em startups, scale-ups e outras empresas.

Continua depois da publicidade

– Será um fundo para o investidor local que está interessado no desenvolvimento do nosso ecossistema de tecnologia – explica ele.

cofundador e CEO da Catarina Capital, Thiago Lobão
Cofundador e CEO da Catarina Capital, Thiago Lobão (Foto: Divulgação)

Por que uma gestora para o setor de TI

Com sedes em Florianópolis, no Parque Tecnológico Alfa, e em São Paulo, a Catarina Capital foi fundada em janeiro de 2020 por Thiago Lobão, José Augusto Albino, Raul Daitx, Adonay Freitas e Renata Buss. O desafio de focar em tecnologia foi uma sugestão do então superintendente da Fundação Certi, José Eduardo Fiates, atual diretor de Inovação da Fiesc, que alertou para a falta de um polo financeiro para atrair mais recursos ao ecossistema de inovação de SC e, assim, torná-lo mais forte e dinâmico no Brasil e exterior.

Thiago Lobão, que atuava no mercado financeiro da Avenida Faria Lima, em São Paulo, após fazer uma formação na Universidade de Stanford, aceitou o desafio. Também precisava mudar para Florianópolis por motivo familiar. Para compor o quadro de especialistas, convidou colegas com experiências em mercado financeiro ou de grandes empresas como a RD, Neoway e BMW. Atualmente, a Catarina conta equipe de 30 pessoas entre os dois escritórios.

– O que a gente aprendeu, que é hoje a nossa principal tarefa na gestora, é que existe um desafio muito maior do que só investir em startups. É o desafio de aculturamento do mercado, das pessoas físicas, das pessoas que estão no ecossistema para que elas mesmas comecem a investir em tecnologia, se engajar, se aproximar do tema – afirma o CEO.

Continua depois da publicidade

Na avaliação dele, hoje Santa Catarina tem uma comunidade de tecnologia muito forte, mas ainda existe uma distância dessa comunidade em relação a outras cadeias produtivas e em relação às pessoas. Uma aproximação maior vai permitir mais desenvolvimento.

A propósito, Florianópolis passou a ser chamada de “Ilha do Silício” por concentrar grande número de startups e pelo fato de o setor de tecnologia ter atingido maior arrecadação de impostos sobre serviços frente aos demais setores.