O governo catarinense deu mais um passo importante no difícil equilíbrio de manter o isolamento social e permitir retomada de atividades para que a economia possa girar mais, favorecendo trabalhadores autônomos formais e informais. Com as atividades dos setores de alimentos, bancário, de serviços, e parcialmente da indústria em geral, o Estado consegue melhor ritmo da economia, mas eleva o risco de disseminação da doença.

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Se o governo não tivesse tomado nenhuma medida e a expansão do vírus tivesse comportamento em Santa Catarina como foi na Itália, teríamos o pico da pandemia por volta de 23 de abril, 43 dias após o primeiro caso. Como foi adotado o isolamento social na semana seguinte aos primeiros casos, registrados em 12 de março, o Estado postergou o problema e está conseguindo se preparar mais.

Mas preocupa o fato de Santa Catarina ainda não ter conseguido elevar o número de respiradores, equipamento considerado prioritário para enfrentar a pandemia. Isso ainda pode ser problema daqui a três ou quatro semanas porque a oferta segue limitada.

A permissão ao trabalho dos autônomos atende uma categoria do Estado que não costuma ter poupança para alguns meses, como a maioria dos brasileiros, e que ficou sem renda de uma hora para outra. Vale ressaltar que o problema não atinge apenas trabalhadores com menor qualificação. Há várias categorias de prestadores de serviços graduados que ficaram sem renda. O presidente da OAB de Santa Catarina, Rafael Horn, me informou que muitos advogados do país que recebiam por audiências realizadas, perderam a renda de uma hora para outra. Por isso a entidade está fazendo uma campanha nacional para arrecadar cestas básicas. Profissionais autônomos de saúde também não puderam mais trabalhar durante o isolamento.

Agora, em Santa Catarina, vem também a pressão de outros setores que precisam retomar, especialmente o comércio em geral. Vamos torcer para que as pessoas saiam de casa somente o necessário e que cumpram com rigor as exigências de segurança da Secretaria de Saúde do Estado. Assim, poderemos não ter um pico da doença, mas talvez o que os especialistas chamam de um platô, isto é, um número de casos em um período maior, mas sem um pico que sufocaria o setor de saúde.

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Crédito difícil

O governo federal tem anunciado linhas de crédito para diversos setores empresariais, mas na prática, as empresas estão encontrando muitas dificuldades para obter esses recursos junto ao setor bancário. O problema é tão grande que o ministro da Economia, Paulo Guedes, informou que o governo federal poderá seguir o exemplo de outros países e fazer empréstimos diretos às empresas, sem passar pelo setor bancário. Em Santa Catarina, temos o microcrédito que é uma alternativa fácil para o empreendedor individual. Mas as instituições vão priorizar seus clientes, que já têm um histórico de adimplência.

Nesta semana, um desafio será o setor bancário ampliar a liberação de recursos anunciados pelo governo federal para as empresas. O setor bancário, por sua vez, informa que está se organizando para o atendimento, mas precisa seguir regras, conforme explicou a federação do setor, a Febrabam.