Após receber esta semana mais de 300 sugestões de entidades empresariais para aprovar uma retomada gradativa da atividade econômica suspensa no isolamento para prevenção do coronavírus, o governo de Santa Catarina anunciou ontem à noite uma retomada gradual de atividades. Entre as entidades que pressionaram, está o novo Movimento ReageSC, integrado por mais de 50 entidades empresariais e que está recebendo novas adesões.

Continua depois da publicidade

A mudança incluiu a volta do setor bancário segunda-feira e reabertura do comércio e de boa parte dos serviços quarta-feira, com recomendação de distância entre as pessoas.

Essa pressão sobre o governo de Carlos Moisés ocorreu porque o governo federal, que é quem tem o controle das finanças nacionais, está demorando muito para anunciar medidas que deem segurança para as empresas pagarem suas principais contas durante a fase crítica da pandemia, que será de três a quatro meses. As principais despesas empresariais são os salários dos trabalhadores, aluguéis e impostos não postergados.

Ontem, com atraso, a Câmara dos Deputados aprovou ajuda de R$ 600 por mês para os trabalhadores informais e pessoas de menor renda.

E nesta sexta-feira, ao invés de tratar da solução financeira para as empresas, o presidente Jair Bolsonaro lançou a campanha “O Brasil não pode parar”. No meio de uma pandemia, é preciso cuidar da saúde e também socorrer a economia com rapidez.

Continua depois da publicidade

A decisão do governo catarinense de partir para um isolamento vertical trouxe insegurança para boa parte da população catarinense porque essa alternativa foi tentada na Itália e na Inglaterra e não deu certo. A maioria dos países está adotando isolamento social mais intenso.

Talvez o governo poderia esperar mais um pouco e pressionar o governo federal pelas soluções não adotadas ainda. Isso porque a doença está se manifestando com perfil um pouco diferente no Brasil e o país não tem como fazer testes em todos para recomendar isolamento.

Uma das cientistas que defendem isolamento é a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz. Em entrevista ao site do jornal O Globo desta sexta-feira, ela faz alguns alertas, colocando informações. Diz que a doença está atingindo mais, no Brasil, uma faixa etária de 47 a 50 anos; as pessoas, em média, estão necessitando de até 20 dias de ventilação mecânica enquanto para a H1N1 são sete dias, e que o Brasil ter muitas comunidades pobres, com muitas outras doenças, entre as quais a tuberculose.

O governador Carlos Moisés lançou o plano de reabertura da economia, mas seguiu recomendando às pessoas não saírem de casa. Essa flexibilização da economia vai exigir mais atenção de todos para prevenir a doença. Sem isso, o sistema de saúde ficará saturado logo. Apesar das medidas tomadas, ainda é possível voltar atrás se a conclusão for outra logo mais.

Continua depois da publicidade