Os três engenheiros de Santa Cecília, no Meio-Oeste de Santa Catarina, que desenvolveram um respirador artificial para uso fora de UTI, mas que tem robustez para ser utilizado também nesses ambientes, buscam investidor para ser sócio da startup Autom. O objetivo é produzir esses equipamentos nessa fase de alta demanda no Brasil e exterior em função do coronavírus e, depois, seguir desenvolvendo produtos tecnológicos para hospitais.
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Os sócios atuais da empresa são os engenheiros Fábio Gabriel Pinto Oliveira, Willian Lapinski e Gilmar Demenek. Responsável pelo desenvolvimento eletrônico do respirador, Fábio Oliveira explica que criou um sistema com várias válvulas de segurança que impedem lesão pulmonar.
– A nossa empresa é especializada em criar equipamentos de acordo com as necessidades das indústrias, que exigem funcionalidade e robustez. Como fazemos cálculos do zero, a gente descobriu uma fórmula de calcular a respiração, que é mais eficiente e funcional. Denominamos essa fórmula de Humanização do Processo de Respiração (HPR). É um sistema mais suave do que um processo mecânico para chegar mais próximo possível do processo respiratório natural de uma pessoa. O algoritmo que que a gente criou conta com sistema que tem controle de fluxo, pressão e vazão – explica Fábio Oliveira.
Segundo ele, avaliações feitas por médicos sobre o funcionamento do novo respirador foram muito positivas. Por isso, a expectativa é de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove a produção do mesmo. Para isso, eles solicitaram apoio do senador Dário Berger para contatar a agência e informar sobre a urgência do projeto.
Além desse, os empreendedores têm outro desafio agora: conseguir um sócio para investir na produção dos respiradores. A fabricação precisa ser intensiva e a Autom não dispõe do capital necessário. O custo das peças para fabricar cada aparelho está perto de R$ 2 mil. Então, para uma linha de 50 produtos por dia, por exemplo, serão necessários diariamente R$ 100 mil.
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A Autom ainda não tem participação em projetos públicos de pesquisas. Esse desafio de fazer produtos hospitalares surgiu agora, no grupo da Cruz Vermelha do município, diante da necessidade de ventilação mecânica para salvar doentes da Covid-19. Desde que a notícia do projeto saiu, os engenheiros já receberam ligações de países da América Latina interessados em comprar, entre os quas a Argentina e o Paraguai.
Ainda sobre as especificações técnicas, Fábrio Oliveira diz que o aparelho é semelhante a um desenvolvido no MIT (EUA) e que pode ser muito útil no tratamento de doentes com coronavírus. Ele conta que soube de casos de enfermeiras em Nova York operando Ambu – unidade manual de respiração artificial – por dois dias, até sobrar um respirador na UTI. Segundo ele, o produto da Autom pode fazer esse trabalho automaticamente.
Engenheiros graduados na Uniarp
Os três sócios da Autom são graduados em Engenharia de Controle e Automação na Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp), de Caçador. Atuavam com projetos no setor privado e há cerca de três anos decidiram constituir a Autom, para fornecer sistemas de automação industrial em projetos sob medida.
Fábio Gabriel Oliveira e Willian Lapinski, ambos com 29 anos, foram colegas de graduação. Gilmar Demenek, 45 anos, fez o curso antes. Oliveira, antes de abrir a Autom, foi professor de automação e robótica da Uniarp por sete anos.
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Cidade sede da Uniarp, Caçador tem uma das economias mais dinâmicas de Santa Catarina, com empresas exportadoras de base agroflorestal e também produtos de tecnologia e moda.