Enquanto a decisão anunciada pelo governo do Estado sábado foi de flexibilizar mais a economia com abertura do comércio de rua e parte de serviços, a decisão da prefeitura de Florianópolis de manter esses setores fechados para continuar o isolamento social vem causando grande preocupação ao setor empresarial. A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) emitiu nota crítica na manhã de hoje cobrando visão multidisciplinar e mudanças dessas medidas pelo executivo municipal.

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A Acif questiona a prefeitura sobre qual é o plano dela para manter empregos levando o isolamento social para mais de 30 dias. O isolamento social vai para 44 dias. A entidade destaca que uma pesquisa do Sebrae-SC apurou que mais de 12 mil pessoas perderam o emprego até o final de março na Capital em função da pandemia. Preocupa a situação do varejo porque Florianópolis tem o maior número de lojas do Estado, boa parte não tem caixa para ficar tanto tempo sem faturar.

A associação também cobra medidas como investimentos necessários na área da saúde, transparência sobre leitos de UTI disponíveis e diz que orienta as empresas para tomarem as medidas preventivas para evitar disseminação do vírus.

– ACIF questiona qual será o plano da Prefeitura para lidar com outra estatística – a de pessoas desempregadas, que não aparece nas apresentações do Executivo e já conta com mais de 12 mil pessoas vitimadas, ainda crescendo exponencialmente. A carência de decisões para achatar essa outra curva, também devastadora sobre vidas, está dizimando a subsistência de milhares de lares e trazendo consigo uma série de enfermidades – comprovadas cientificamente – alerta a associação em nota.

Leia a íntegra da nota da ACIF

Covid-19: ACIF cobra visão multidisciplinar e mudanças na política da Prefeitura de Florianópolis

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Ao receber as informações sobre as medidas restritivas impostas pelo prefeito Gean Loureiro aos cidadãos de Florianópolis, levando o período de isolamento social para além de 30 dias, a ACIF questiona qual será o plano da Prefeitura para lidar com outra estatística – a de pessoas desempregadas, que não aparece nas apresentações do Executivo e já conta com mais de 12 mil pessoas vitimadas, ainda crescendo exponencialmente.

A carência de decisões para achatar essa outra curva, também devastadora sobre vidas, está dizimando a subsistência de milhares de lares e trazendo consigo uma série de enfermidades – comprovadas cientificamente.

Entendemos que a solução passa por ouvir especialistas multidisciplinares, colocando na mesma mesa pessoas que entendem sobre como evitar o contágio e profissionais que possam desenhar táticas de modo a manter a subsistência da população de maneira segura.

A ACIF está consciente do problema e orienta, desde meados de março, as empresas da cidade para que adotem todos os procedimentos sanitários indispensáveis. Também participa de campanhas de doação para aquisição de testes e EPIs, comunicando constantemente a necessidade de adoção de cuidados essenciais para que o verdadeiro vilão, que é o vírus, seja combatido. São propostas consistentes, contemplando todas as frentes. Daí a necessidade de diversas visões para analisar e mitigar esta crise.

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Entre as soluções, torna-se clara a transparência sobre outro – e importantíssimo indicador – que faz falta nas apresentações do governo municipal. Quantos leitos temos disponíveis na cidade? Quantos leitos de UTI estão em uso hoje e quantos serão necessários adicionar? Por quanto tempo precisaremos manter o isolamento até o sistema ser capaz de atender a população? Permaneceremos passivos, aguardando o Governo Federal, ou criaremos uma estrutura própria para que nossos cidadãos sejam atendidos, otimizando recursos do município, como era feito na Operação Asfaltaço?

A entidade também estranha a ausência de medidas que reduzam de maneira decisiva os gastos da Prefeitura. Existe algum plano? O simbolismo do corte do salário do prefeito e secretários será ínfimo perto do déficit que se impõe. Quem pagará essa conta? O setor privado sozinho, novamente?

É fundamental que a vida seja considerada em sua plenitude, compreendendo que a saúde é diretamente afetada pela miséria, situação em que grande parte da população passará a viver em decorrência das decisões de isolamento impositivo. A ACIF entende que, enquanto a prefeitura estiver lidando com o problema por um único viés, muitas vidas – não contabilizadas nos noticiários diários – continuarão a ser perdidas.

Florianópolis, 12 de abril de 2020.

Rodrigo Rossoni

Presidente da ACIF Associação Empresarial de Florianópolis