O impacto da crise econômica do coronavírus é imenso para a maioria. No caso da indústria catarinense, um dos setores mais afetados é o calçadista. O polo de São João Batista, com quase 400 empresas que produziu até 1,6 milhão de pares de calçados por mês em 2019, parou com o isolamento. Dos 8 mil empregos no setor, 3,8 mil postos de trabalho foram fechados no município, informa o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de São João Batista, Almir Manoel Atanázio dos Santos.
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A propósito, a guinada do setor tem no grupo de Santos um exemplo que ilustra bem os desafios. Ele tinha 16 empresas, fechou seis, das quais cinco ficavam na Bahia e uma em São João Batista. Produzia 32 mil calçados por dia, agora, em junho, faz 4 mil/dia. Embora ainda espere vender os estoques abarrotados, Santos está pronto para uma guinada forte na retomada, com mais cautela.
– Tenho quatro unidades prontas para retomar na Bahia em 2021 – diz ele.
Na entrevista a seguir, o empresário fala também da campanha para incentivar o catarinense a comprar calçado feito no Estado. Confira:
O lockdown
“Foi um choque para São João Batista. Dia 17 de março foram fechadas as escolas, o comércio e as indústrias. Tivemos que fechar de um dia para outro. Isso aconteceu na mesma semana no nosso município e no Brasil todo. Como os lojistas, nossos clientes, ficaram com as lojas fechadas, automaticamente cancelaram os pedidos e deixaram de fazer os pagamentos. Não puderam vender, não receberam e não pagaram as contas. E todo mundo começou a se assustar com a pandemia no sentido amplo. Guardou dinheiro para pagar funcionário e esqueceu o fornecedor”.
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Fase da pandemia
“Ficamos o mês de abril sem produzir quase nada, em maio começou a dar uma viradinha, junho está mais razoável e temos uma expectativa melhor para julho. Nossa incógnita é o que vai acontecer. Será que teremos mais uma parada? Será que a doença já está no auge? Estamos preocupados com esse risco futuro porque a maioria das fábricas de calçados da nossa região, principalmente as que fornecem para redes de lojas, está com estoques altíssimos. Os magazines cancelaram todos os pedidos”.
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Expectativa
“A gente sabe que o varejo não vai voltar ao que era antes. Por isso todo mundo se preparou para produzir de 30% a 40% a menos. Acredito que as vendas começarão a aumentar porque quase todo o comércio do Brasil reabriu as portas. É preciso o consumo voltar para que o setor volte a ter pedidos. Se as vendas chegarem a 50% ou 70% do que era antes, ajuda. Poderemos recontratar boa parte dos 3,8 mil trabalhadores que perderam o emprego em São João Batista”.
#MovimenteSJB
"Lançamos a campanha #MovimenteSJB, que convida o catarinense a comprar calçados feitos no nosso município. O catarinense precisa conhecer mais nossos produtos e comprar mais. Nossos calçados são mais vendidos fora do Estado do que aqui. A iniciativa é do nosso sindicato em parceria com a NSC Comunicação, para mostrarmos a força do nosso setor. A nossa indústria lança moda nacional, é referência, mas não é tão valorizada em SC. Com os problemas da pandemia, vimos uma oportunidade de fazer esse movimento.”