Argumentos utilizados pelo CEO da EDP Energias do Brasil, João Marques da Cruz, para cobrar a privatização da Celesc, publicados aqui na coluna em matéria nesta terça-feira, são contestados pelo representante dos empregados no conselho de administração da companhia de SC, Leandro Nunes da Silva. Para ele, é descabido comparar a Celesc como empresa pública com economias de Cuba, Coreia do Norte e Venezuela. E, se a EDP decidir vender sua participação na Celesc, ele disse que governo de SC poderia comprar para ficar com uma fatia ainda maior da companhia.

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– De forma objetiva, a finalidade da privatização do setor elétrico no Brasil nunca foi para trazer luz, mas para ganhar dinheiro! No comparativo entre as Coreias, apresentado na matéria publicada em sua coluna, a escuridão da Coréia do Norte estaria nos outros Estados do Brasil, não em Santa Catarina. Isso porque a qualidade do serviço prestado pela estatal catarinense é reconhecida nacionalmente, estando a Celesc sempre entre as melhores do Brasil, em pesquisa auferida pela Aneel, com a tarifa de energia elétrica mais barata do país dentre as 52 concessionárias de energia elétrica do Brasil – afirmou Leandro Nunes.

O conselheiro observou que quando a EDP comprou as ações da Celesc, sabia que seria acionista minoritária e que não havia um compromisso de venda da empresa por parte do governo catarinense.

Sem privatização, EDP pode deixar a Celesc, indica CEO

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– Se essa condição não for suficiente para o portfólio da EDP, o mercado de capitais está em pleno funcionamento para regular a saída (dela) do setor de distribuição de energia elétrica de Santa Catarina. E vendo o copo meio cheio dessa equação, seria uma oportunidade e tanto para o próximo governador recomprar essa fatia da Celesc a fim de mantê-la ainda mais pública, patrimônio dos catarinenses – sugeriu Leandro Nunes.

Na opinião dele, o comparativo SC-Coreia do Norte é tão descabido que demonstra claramente que mesmo eles, ditos especialistas do setor elétrico mundial, não têm justificativas à privatização da Celesc. Por isso apostam na fratura política da disputa “esquerda-direita” para tentar vincular a imagem da Celesc pública a um suposto combate ao comunismo, algo ainda vivo nas discussões cotidianas por conta da polarização eleitoral dos últimos anos.

Ainda em resposta à pressão da EDP pela privatização, Leandro Nunes diz que manter a Celesc pública não é uma questão de capitalismo ou comunismo, sem entrar no mérito da contradição de o maior acionista da EDP em Portugal ser o governo chinês.

Na opinião do conselheiro, manter a empresa pública é uma questão de soberania e garantia energética para o povo de SC, que tem índices de continuidade na prestação de serviço de distribuição de energia elétrica dentro dos padrões regulatórios e a tarifa de energia mais barata do Brasil.

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