Como o ex-governador Colombo Salles teve a dádiva de uma vida quase centenária – faleceu nesta segunda-feira (14) aos 97 anos – parte da série de projetos estruturantes implementados na gestão dele e do vice-governador Attilio Fontana nem é lembrada pelos catarinenses. Quem detalha mais as ações aqui para a coluna é o filho dele, o também engenheiro civil Marcelo Salles.

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Além da emblemática ponte Colombo Salles entre a Ilha de SC e o Continente, a fundação da Casan, construção da SC-401 e do aterro próximo da região central de Florianópolis (onde está o CentroSul), a série de ações inclui a fundação da Telesc, fortalecimento do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), programa de crédito para investimento empresarial e uma Secretaria do Oeste em Chapecó.

Também em Florianópolis, ele construiu os acessos ao Aeroporto Hercílio Luz, à Lagoa da Conceição e a praias do Norte da Ilha. Entre os mais de 500 quilômetros de rodovias, fez uma parte da BR-282 no Oeste. A parte anterior foi construída por governos anteriores.  

Segundo Marcelo Salles, a maioria dessas obras foi projetada pela Secretaria de Planejamento do Estado, que trabalhou intensamente nos dois primeiros anos da gestão para fazer os projetos necessários. Nesse período, também, foram regularizadas as finanças do Estado. E no final do governo, as obras foram concluídas e quitadas, disse o filho do ex-governador.

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Crédito para empresas

Colombo optou por gestão técnica, boa parte dos secretários era técnica ou veio do meio empresarial, a começar pelo vice-governador, o fundador da Sadia, Attilio Fontana, que era de Concórdia.

– Eles criaram linha de crédito através do Planejamento em que permitiu investimentos em empresas. Aí surgiram muitas novas empresas no Estado. Era um sistema muito interessante porque as próprias empresas catarinenses davam capital para as empresas, então elas se tornavam acionistas das outras, com um nível de juros e capitalização interessante. Aí surgiu a Ceval, novas empresas têxteis em Blumenau e as que já estavam instaladas, cresceram. A própria Sadia e a Perdigão cresceram muito – destaca Marcelo Salles.

Segundo ele, o Besc também cresceu muito. Se tornou o segundo maior banco estadual do Brasil, somente atrás do banco do estado de São Paulo, na época o Banespa.

Desafio de unir SC

Apesar de não ser um governo político, Colombo Salles teve que contornar movimento separatista no Oeste catarinense. Uma parte das lideranças locais havia decidido que a região buscaria anexação ao estado do Paraná.

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A solução foi criar uma forte secretaria regional com delegação de poderes e um líder local forte. Deu certo e, anos depois, o governador era chamado de “Amigão do Oeste”.

Energia e telefonia

No início dos anos de 1970, tanto a oferta de energia quanto de telefonia eram precárias em Santa Catarina. Segundo Marcelo Salles, a solução para melhorar a energia foi anexar cooperativas de eletrificação rural à Celesc,  para melhorar e ampliar os serviços.

Na telefonia, com a criação da estatal Telebras em nível nacional, Colombo Salles foi desafiado para abrir uma filial da estatal em SC. Aí surgiu a Telesc.

– Como ela foi uma das últimas a serem  implantadas nos estados, ela veio com muita tecnologia. Então, a gente saiu na frente em relação aos demais estados – destacou Marcelo Salles.

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A ponte e o aterro na Capital

Marcelo Salles observa que muita coisa do governo do pai ele não lembra porque era criança. Algumas foram contadas depois. Mas ele tem algumas passagens marcantes na memória sobre argumentação para fazer a ponte e o aterro na área central de Florianópolis.

– A Ponte Hercílio Luz estava totalmente congestionada, com filas enormes. Quando ele projetou o aterro para poder ter melhor circulação do tráfego, o plano era vender parte do aterro para o setor privado fazer prédios na nova região e construir a segunda ponte com o dinheiro. Isso permitiria também preservar o centro histórico, que enfrentava destruição de casarões para fazer edifícios. Mas teve uma decisão política de fazer o projeto de Burle Marx – conta ele.

Ao solicitar recurso federal para fazer a ponte, o então ministro do Planejamento não entendia porque Florianópolis, uma cidade menor do que Vitória (que estava fazendo uma ponte) precisaria de uma nova ponte. O ministro do Planejamento, João Paulo Reis Veloso, perguntava se Florianópolis tinha mais tráfego do que Vitória.

Então Colombo Salles explicava para ele que não era uma ponte. Na prática, era uma rua porque a metade da cidade estava na Ilha e a outra metade, nos bairros do continente, como Estreito e Coqueiros. No final, convenceu o ministro de que a ponte era necessária.

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