Desde o início do ano, o setor privado catarinense enfrenta uma série de dúvidas sobre corte de incentivos fiscais. Entre as empresas que buscaram saber se o benefício do seu setor, no caso o têxtil, iria continuar para seguir investindo em SC estava a Kyly, de Pomerode, fabricante de moda infantil e juvenil que se tornou referência no Brasil e avança no exterior. Com a confirmação, manterá projeto de R$ 40 milhões em Pomerode. A empresa gera 1,8 mil empregos diretos e mais cerca de 1,5 mil indiretos. Saiba mais na entrevista a seguir com o diretor executivo comercial e de marketing, Claudinei Martins.
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Como está a Kyly e quais são os principais números?
A Kyly é uma empresa que está há 34 anos no mercado e, graças a Deus, em crescimento constante. Em 2014 iniciamos um plano diretor, quando foram investidos R$ 60 milhões na revitalização do parque fabril, o que permitiu um crescimento importante da empresa. Tínhamos em 2012 uma produção de 12 milhões de peças/ano e vamos chegar este ano a 18,5 milhões até 19 milhões. Num país que teve uma recessão muito forte nos últimos anos, esse é um desempenho importante. A Kyly deve fechar o ano com um faturamento próximo a R$ 500 milhões e crescimento de 7% a 8% frente a 2018.
A Kyly foi uma das empresas que cobraram a continuidade dos incentivos fiscais ao setor têxtil e foi atendida. Que incentivos vocês defenderam?
Os incentivos fiscais são importantes para manter a competitividade da indústria. A Kyly reinvestiu todos os incentivos em Santa Catarina. Se querem citar um exemplo de como os incentivos fiscais voltam para a sociedade, podem citar a Kyly. Durante todo esse período investiu, gerou empregos, riquezas e, com certeza, quando cresceu acabou gerando uma arrecadação maior ainda para o Estado. Não temos problema específico com relação a incentivos. Não estamos cobrando nada além do que já existe, ou seja, para que continuasse como estava, que fosse convalidada a alíquota em torno de 3% para o setor junto ao Confaz. Essa é a única coisa que o setor têxtil cobrou que fosse mantido para a gente ter condição de igualdade para competir com os demais Estados. Se vocês forem ver, quantas empresas deixaram o Estado nesse período? Nós fizemos todos os investimentos em Santa Catarina e queremos continuar investindo aqui. Construímos tudo aqui. Com a fiação que vamos concluir no final deste ano serão mais R$ 40 milhões de investimentos e 100 empregos diretos também em SC.
Como evolui a rede de franquias Milon?
A Milon é nossa marca premium. Contamos com 51 lojas no Brasil. A última foi inaugurada semana passada. Nosso plano é chegar este ano a 70 lojas. A expansão é no Brasil inteiro. Tínhamos uma presença maior no Sul e Sudeste e desde o ano passado crescemos no Norte e Nordeste. Recentemente, abrimos mais uma loja em Joinville, no Shopping Mueller. Teremos novas lojas no Paraná e Grande do Sul e estamos vendo mais uma em Florianópolis. Abriremos a segunda loja em Recife e Salvador. Temos três lojas em Goiânia, por exemplo.
Como a Kyly está crescendo no exterior?
Temos um projeto forte para a Europa. Estamos exportando todas as nossas marcas. Mas o foco principal é nas infantis: Kyly, Milon e Nanai. Temos duas marcas juvenis, mas foi com as infantis que participamos na Pitty Bimbo, maior feira do mundo de produtos para crianças. A gente está conseguindo um crescimento muito rápido em vendas na Itália e na Espanha. Um investidor espanhol está trabalhando com as nossas marcas. Já temos 12 lojas na Espanha e devemos chegar a 20 no final do ano. Também exportamos para a América Latina e Oriente Médio. Ao todo, exportamos 4% da produção para 23 países.
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O que diferencia o produto Kyly na Europa?
Temos design, qualidade e preço. Temos preço competitivo porque somos indústria. Somos bastante verticalizados. A gente faz, a partir do fio, nosso produto acabado. E a partir do final do ano vamos fazer o nosso próprio fio. Somos uma das poucas empresas verticalizadas. Fazemos tudo no mesmo local, em Pomerode. A Europa é um mercado importante. E é interessante também exportar para saber como a empresa está em nível mundial. Além disso, agora com acordo Mercosul-União Europeia a gente já está com um pé lá. A gente não tem dúvida de que virão mais marcas de fora competir no Brasil e aí estaremos mais preparados.
De que forma vocês enfrentam a concorrência asiática?
O câmbio está favorável hoje. Além disso, como temos fábrica própria, conseguimos fazer uma coleção a cada três meses, com cerca de 400 a 500 modelos novos. Se você importa da China não consegue isso. Trabalhamos cada vez mais com qualidade para nos diferenciar. No caso da rede Milon, por exemplo, temos produtos exclusivos que só o franqueado consegue vender.
Qual é a expectativa da empresa para a economia brasileira?
A Kyly se preparou. Acredita que em algum momento a economia vai destravar. Investimos e, por isso, temos condições de chegar a 25 milhões de peças por ano, caso tiver mercado.