Inflação alta gera distorções em série na economia, com prejuízos para todos, mas em especial para as pessoas de menor renda. Por isso é relevante celebrar o sucesso do Plano Real, que instituiu em primeiro de julho de 1994 uma nova moeda com parâmetros de preços e garantiu estabilização. E conforta ver que as metas de inflação e o Banco Central autônomo garantem a estabilidade no presentem e a levam para o futuro.

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Manter a inflação com gestão controlável é obrigatório. Sem isso, os preços variam muito e, em algumas vezes, saem completamente de controle, causando a hiperinflação. O exemplo clássico de hiperinflação no mundo foi a da Alemanha em 1923, quando a taxa de inflação chegou a 29.500% em um mês. Os alemães diziam que tinham que ir para a feira com dinheiro numa cesta e levar para casa alimentos no bolso, quando o normal seria o contrário.

O Brasil teve hiperinflação nos anos de 1990, que não gerou sofrimento geral porque quem tinha conta em banco podia aplicar o dinheiro no “overnight”, com correção monetária todas as noites. Os que não tinham conta bancária, corriam para fazer compras quando recebiam dinheiro.

Um dos anos críticos das altas inflacionarias do Brasil foi 1990, quando, em um único mês, a inflação subiu 82%. Em 1993, a inflação acumulada do país chegou a 2.700%.

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Relator do projeto de lei que instituiu o Plano Real quando era senador, o político catarinense Neuto De Conto detalhou essa história no livro O Milagre Real, que lançou em 2011. Ele cita na obra que de 1968 a 1998, a inflação acumulada do Brasil chegou a 970 trilhões por cento, isto é, 970.000.000.000.000%.

Um passo importante para garantir a continuidade da moeda estável foi dado em 1999, com a adoção do regime de metas de inflação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Na época, a meta escolhida foi 8% e esse trabalho continuou com metas anuais. Para 2024 e 2025, a meta é 3%.

O Banco Central é o guardião do valor da moeda, portanto, da luta para tentar levá-la para a meta, sempre com um intervalo que pode variar em 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Atualmente, a expectativa é de que ele vai alcançar a meta de 3% no final do ano que vem. Para este ano, a inflação deverá superar 4%.

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Outra decisão legal que reforçou essa política que foi criada na Nova Zelândia e adotada nos principais países do mundo foi a aprovação de independência do Banco Central do Brasil em 2021. Foi aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro, que nomeou o primeiro presidente do BC com autonomia, Roberto Campos Neto.

Mas desde que assumiu a presidência da República, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado a atuação do Banco Central, por considerar que a autoridade monetária tem mantido o juro básico da economia – taxa Selic – muito alta para levar a inflação para a meta.  

Essas críticas têm gerado instabilidade econômica e inclusive elevado a cotação do dólar porque o mercado financeiro está com dúvidas se Lula vai nomear um presidente do BC que vai manter foco na inflação ou vai ouvir a opinião do presidente. O mandato de Campos se encerra em dezembro e um nome indicado pelo atual presidente assumirá o Banco Central em janeiro de 2025.

A torcida e a expectativa é de que o BC tenha um presidente e uma diretoria que integra o Comitê de Política Monetária (Copom) com foco no controle da inflação. A partir disso, vem a estabilidade para os empresários decidirem sobre investimentos e para as pessoas decidirem sobre consumo ou também investimentos.

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A propósito, inflação controlada é bom para todos, inclusive para os políticos que estão exercendo seus mandatos porque, quando a economia vai bem, os eleitores tendem a confiar mais nos seus governantes de plantão, na maioria das vezes, elegem para um novo mandato.

A partir da moeda estável, o Brasil conseguiu fazer várias reformas e ajustar muitos desequilíbrios no setor público. Mesmo assim, ainda há muito por fazer, como reduzir os gastos públicos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e melhorar o ensino fundamental e médio, hoje ainda muito longe do aprendizado alcançado por outros países. Com mais conhecimento dos trabalhadores, a economia se torna mais competitiva e mais rica.

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