Os pratos que compõem o 1º Cottura – Festival Gastronômico de Nova Trento, que começou dia 1º e vai até 17 deste mês, são uma mostra de como profissionais do setor na cidade conseguem aliar tradição com novos conceitos. Combinam receitas da idade média na Europa e produtos criados pelos primeiros imigrantes da região – que chegaram em 1875 – com a moderna gastronomia ensinada no curso de graduação da Univali, de Balneário Camboriú, considerado o melhor da especialidade no país.

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Recém formado na instituição e com anos de atuação em pizzaria na Itália, o empresário Aloisio Dalri, conhecido como chef Iggio, criou uma entrada usando produto desenvolvido na chegada da imigração. O Partendo (antepasto) tem como ingrediente principal carne suína assada em forno a lenha com redução do próprio molho aromatizado com vinho de laranja.

Um dos idealizadores do festival, o empresário André Orsi, conta que esse vinho é elaborado até hoje. Segundo ele, os imigrantes optaram pela laranja porque as sementes de videiras que trouxeram da Itália não se adaptaram ao clima da região.

Outra recém graduada no curso de Gastronomia da Univali é a chef Tamires Montibeller Orsi, esposa e sócia de André Orli em restaurante italiano. Após estágio curricular no começo de 2020 no restaurante La Cacciatora (A Caçadora) no Norte da Itália, a chef optou por lançar no festival um prato italiano da Idade Média, o strangolapreti, que é nhoque feito com pão adormecido, queijo e espinafre.

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– Minha intenção de trazer esse prato para o festival é para que ele se perpetue, fique enraizado na nossa cultura – diz a chef que incluiu o produto no cardápio do restaurante.

Entre os 13 restaurantes que participam do Cottura está um japonês. Optou por criar brusqueta de salmão e incluiu o limão siciliano, um item típico italiano, no molho.

O forte turismo religioso no município, que começou em 1912 com a construção do Santuário Nossa Senhora do Bom Socorro e cresceu com a canonização da Santa Paulina em 2002 ajuda a aprimorar a gastronomia. O festival, que é uma ação conjunta da prefeitura municipal e Sebrae-SC, teve como linha a valorização da história e tradição local.

Com 16 mil habitantes, Nova Trento recebe uma média de 60 mil visitantes por mês. Mas os dois últimos anos foram os mais tristes, segundo o casal André e Tamires Orsi, porque muitas pessoas procuraram os santuários para chorar seus mortos vítimas da pandemia. Milhares vieram também para pedir proteção à saúde da família. A expectativa é de que a pandemia acabe, o turismo e a gastronomia cresçam com mais edições desse festival para celebrar a saúde e a vida.

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