A limitação de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é uma queixa generalizadas pelo Brasil, mas em Jaraguá do Sul, oitava maior cidade catarinense, com 185 mil habitantes (2021), isso quase não ocorre. É que os dois hospitais que atendem pelo SUS na cidade, oSão José, para adultos, e Hospital Jaraguá, materno-infantil, contam com serviços de qualidade e rápidos, resultado de gestão compartilhada entre a associação empresarial (Acijs) e a prefeitura municipal. O São José tem resultados positivos e está investindo R$ 50 milhões em modernização, informa o presidente do conselho da instituição, Paulo Chiodini.
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A gestão compartilhada começou no Hospital São José em 2004, quando as Irmãs da Divina Proviência informaram que não tinham mais capital humano (novas irmãs) e recursos para investimentos. A Associação Empresarial (Acijs) assumiu a administração em modelo de parceria público-privada (PPP), com gestão profissional. Conta com um conselho de sete integrantes e uma associação com 350 voluntários.
Uma das estratégias para elevar a qualidade dos serviços é investir em melhorias e equipamentos no hospital. Conforme Paulo Chiodini, esse atual plano do São José, de R$ 50 milhões, vai de 2022 a 2024 e foca modernização.
Desses recursos, um terço vem de fundos sociais para a saúde – Pronom, Pronas e Fundo do Idoso -, um terço vem de doações empresariais e o outro um terço é de recurso municipal. O hospital criou um serviço de captação de verbas para investimentos, a exemplo do Hospital do Amor (ex-Hospital do Câncer), de Barretos, São Paulo.
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Do atual plano trienal, em 2022 serão investidos R$ 16 milhões em reformas de salas cirúrgicas e implantação de serviço de hemodinâmica (para cardiologia). Em 2023 serão mais R$ 6 milhões nessas áreas e em 2024, a instituição vai destinar R$ 15 milhões para oncologia e R$ 2 milhões em ensino.
– Em Jaraguá do Sul, quando a pessoa tem alguma coisa, procura o pronto-socorro. Não vai para o posto de saúde. No ano passado, tivemos 150 mil atendimentos no pronto-socorro e no APS (Atendimento Primário de Saúde). Isso dá quase 15 mil pessoas por mês, mais de 500 por dia útil. Temos convênio com a prefeitura, atendimento particular, atendimento por convênios e um plano de saúde local criado há um ano, sociedade dos dois hospitais, o Levmed, com 12 mil vidas – afirma Paulo Chiodini.
Segundo ele, os hospitais São José e Jaraguá acabaram assumindo vários serviços que seriam da prefeitura. Por isso, os índices de atendimento pelo SUS chegam a quase 80%. Mas com os atendimentos de Covid-19, nos últimos anos, os atendimentos pelo SUS superaram 90%. Mesmo assim, no balanço total, a instituição tem apresentado resultado positivo. É preciso gerar receita para cobrir as despesas de custeio.

O modelo de gestão hospitalar de Jaraguá do Sul é apontado como referência nacional. Atualmente, a Federação das Indústrias de SC (Fiesc) está incentivando doações pelos fundos sociais. Incluiu um vídeo do ex-presidente da Acijs, Giuliano Donini, explicando como Jaraguá destina recursos de IR para a saúde. Desde que iniciou a gestão compartilhada, o Hospital São José teve três presidentes de conselho, os empresários Paulo Mattos e Vicente Donini e, agora, Paulo Chiodini. A gestão executiva é realizada atualmente pelo diretor Maurício Souto-Maior.
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Na avaliação de Chiodini, a infraestrutura hospitalar de Jaraguá do Sul está entre as melhores do país.Isso tem permitido, por exemplo, ampliar o número de cirurgias particulares, em especial estética. Foi um serviço que cresceu durante a pandemia. Um desafio pra um hospital bem equipeado em cidade de médio porte é atrair profissionais de renome, que acabam ficando mesmo nas grandes metrópoles do país.
A criação do plano de saúde, conforme o empresário, foi um movimento inverso das operadoras da área, que passaram a construir hospitais. O Levmed oferece mensalidade acessível para empresas, a partir R$ 180 por vida, com alternativas de coparticipação ou não do segurado.