Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mostrado preocupação com a inflação de alimentos, que se mantém acima da média de preços do país. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, que está à frente do assunto, chegou a falar em intervenção de preços, mas voltou atrás. Teve conversas com supermercadistas e na sexta-feira a sugestão foi sobre eventual redução de alíquotas de importação. Mas o agronegócio catarinense, a exemplo do brasileiro, não vê com bons olhos essas medidas e diz que é preciso incentivar a produção.

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No ano passado, a inflação oficial do Brasil superou o teto da meta (4,5%) e ficou em 4,83% segundo apurou IBGE. Mas o grupo de alimentos e bebidas foi o que teve maior alta, de 7,69%. Chuvas, secas, incêndios e dólar alto pressionaram. Os preços que mais preocupam, atualmente, segundo o ministro, são os de carnes, café, açúcar, óleo de soja e laranja.

O país terá mais uma safra recorde de grãos este ano se o clima ajudar. A estimativa do IBGE e da Conab é de colheita de 322,6 milhões de toneladas, 10,5% mais do que a de 2024. Mas nem todas as culturas terão aumento assim. A produção de milho vai crescer, mas numa média menor, de 3,3% na comparação com a safra de 2024.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, comentou, em artigo, sobre essa preocupação do governo com os preços de alimentos. Para ele, o Brasil conta com regime de segurança alimentar por ter oferta abundante de alimentos de qualidade e com preço acessível devido à agropecuária moderna, tecnificada, sustentável e competitiva.

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Mas os preços dependem de diversos fatores. Na lista estão, clima, produção, produtividade, sanidade, resultados econômicos, oferta internacional e a cotação do dólar. Conforme Pedrozo, o alto custo atual de alimentos resulta de impactos de chuvas no Sul do país e secas no Centro-Oeste que levaram à redução de produção de milho, soja e feijão, entre outros produtos.

– O que o governo pode fazer é aumentar a oferta de crédito rural, liberando os recursos na data adequada para permitir o preparo das lavouras. Apesar dos anúncios oficiais, produtores rurais de todas as regiões reclamam da burocracia e da demora na liberação, muitas vezes causando perda do prazo das “janelas” de plantio, o que prejudica produção e produtividade na hora da colheita – destaca o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de SC.

Na avaliação do presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Vanir Zanatta, os alimentos só terão preços menores se os custos de produção forem menores também.

– Só vamos acalmar a inflação dos alimentos produzindo mais, com produtividade. Não será com subsídio para a compra de alimentos e invenções de preços. Quando um governo interfere na economia, nunca dá certo. Temos exemplos bem perto, da Argentina, da Venezuela. O que deve controlar preços e inflação é a demanda, a procura – alerta o presidente da Ocesc.

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A intervenção de preços no Brasil também já foi tentada várias vezes e não deu certo. Forçar importações também pode por o equilíbrio de mercados em risco. O que o governo federal pode fazer é ouvir mais atentamente as demandas dos setores envolvidos e atendê-las. Eles, normalmente, têm soluções mais viáveis de interesse aos consumidores. A maior oferta de crédito para produzir é uma delas.

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