Há duas semanas, em 08 de dezembro, o conselho de administração da WEG, de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, empresa que nos últimos anos é reconhecida como “fábrica de bilionários”, anunciou que seu novo diretor presidente, a partir de primeiro de abril de 2024, será Alberto Yoshikazu Kuba. Ele vai suceder Harry Schmelzer Júnior, que em 31 de março encerra ciclo de 16 anos no cargo.
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O êxito da WEG, uma multinacional brasileira fabricante de equipamentos, com negócios diversificados e robustos iniciados em 16 de setembro de 1961 (há 62 anos), tem despertado curiosidade. Uma das razões é que 29 descendentes dos três fundadores da empresa hoje são bilionários, segundo a revista Forbes.
Nesta quarta-feira, 20 de dezembro, o ex-superintendente da WEG, com doutorado em sucessão familiar na Alemanha e comentarista sobre esse assunto, Emílio da Silva Neto, foi fazer uma rápida visita a Alberto Kuba na empresa.
O objetivo era dar boas-vindas e presenteá-lo com três livros autorais sobre Excelência na gestão. Mas foi convidado a sentar e ficou quase duas horas com o novo presidente, que quis saber como foi o processo de sucessão que levou ao nome dele.
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Emílio, que também é sobrinho de um dos fundadores da WEG, Eggon João da Silva, revelou a essência dessa conversa para a coluna. Contou ter dito para Kuba que a sucessão na WEG é decidida com muita antecedência, a escolha é por pessoa com a cultura da companhia e o perfil depende de cada momento estratégico. Aí relatou como foi cada uma das três escolhas de sucessores até agora.
O primeiro presidente foi Eggon João da Silva, que junto com Werner Ricardo Voigt e Geraldo Werninghaus fundou a empresa. Mas quando a WEG se tornou grande, ainda nos anos de 1970, Eggon começou a planejar a saída dele da liderança para não se perpetuar no poder e colocar em risco o sucesso da companhia.
Conforme Emilio, então no fim dos anos de 1980, quando fez 59 anos, Eggon buscou consultoria do maior especialista brasileiro em sucessão familiar na época, João Bosco Lodi, no Rio de Janeiro. Ele recomendou escolha do sucessor por eleição interna, com votos dos três fundadores, de executivos e filhos dos fundadores.
Foram eleitos três candidatos. Vicente Donini, cunhado do Eggon e um dos superintendentes da companhia. Décio da Silva, engenheiro mecânico e filho mais velho de Eggon, também com carreira na empresa, e Reinar Modro, um executivo com trajetória respeitável na WEG.
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– Lodi recomendou: por que vocês não pulam uma geração (Donini e Modro tinham cerca de 45 anos) e escolhem o Décio, que está com 33 anos? Então, eles realmente decidiram pular uma geração e escolheram o Décio, que ficou 16 anos na empresa e multiplicou o faturamento mais ou menos por 20 vezes –disse Emílio.
Quando a empresa considerou o momento de o Décio sair, ela estava fazendo muitos projetos de produtos com engenharia. Então, a indicação for pelo nome de Harry Schmelzer, um engenheiro dedicado a essa área, com projetos no Brasil e exterior.
– O Harry era meu subordinado, sempre ligado à engenharia de produtos. Ele era engenheiro de aplicações como eu e, naquela época, a WEG passou a produzir cada vez menos produtos seriados e mais com projetos de engenharia. Ele rodou o mundo a partir de desenvolvimento de produtos engenheirados. Aí foi o escolhido para presidente – explicou Emílio.
Harry também fez uma gestão com resultados grandiosos, muita inovação e expansão internacional acelerada. A WEG tem fábrica nos principais mercados do mundo e negócios diversificados voltados à sustentabilidade. Com 65 anos, Harry será indicado para o conselho da companhia quando sair da área executiva.
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Sobre a escolha de Kuba, Emílio contou a ele que o atual momento da companhia é de forte atuação internacional. Todos os diretores atuais têm vivência no exterior. Ele tem 21 anos de WEG, dos quais 10 na China, onde liderou e aprimorou os negócios da empresa naquele país até recentemente.
– Kuba foi escolhido por essa experiência internacional. Também é um cara inteligentíssimo e muito humilde, características que são importantes na cultura da WEG – revelou o ex-superintendente.
Kuba, 42 anos, engenheiro eletricista, contou a Emílio que veio de Presidente Epitácio, onde residia, no interior de São Paulo, para conseguiu um estágio na WEG, em Jaraguá do Sul. O pai dele foi contra porque a distância somava cerca de mil quilômetros.
Mas o jovem estudante não desistiu, veio para o estágio, se apaixonou pela empresa, constituiu família na cidade e avançou na carreira executiva.
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– Eu também me apaixonei pela WEG. É uma empresa que cresce para inovar, fazer bem feito. Eu saí para liderar um negócio familiar, uma fábrica de biscoitos doces, a Arco Íris. Mas sigo apaixonado pelo modelo de gestão da WEG – conta Emílio.
Além de escritor de quatro livros sobre excelência em gestão e comentarista sobre empresa familiar, Emílio acompanha de perto a evolução da gigante onde trabalhou durante boa parte da carreira, até 1992.
Veja fotos dos presidentes da WEG:
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