A Medida Provisória 1.202 de 2023, publicada pelo governo federal sexta-feira (29) revogando a desoneração da folha salarial para 17 setores e prefeituras de até 142.632 habitantes, colocou os municípios numa situação transitória. Como a MP, se não for suspensa, entrará em vigor em abril, os municípios poderão pagar alíquota reduzida de INSS somente nos três primeiros meses do ano.
Continua depois da publicidade
Siga as notícias do NSC Total pelo Google Notícias
O Congresso Nacional incluiu mais de 3 mil prefeituras brasileiras no benefício de alíquota menor de INSS, reduzindo de 20% para 8% a alíquota patronal na mesma lei que prorrogou a desoneração para 17 setores.
Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), num ano inteiro, essa redução somaria R$ 11 bilhões. Em nota, a confederação informou que vai pressionar o governo por uma solução.
– A Confederação Nacional de Municípios (CNM) estuda medidas para atuação em prol dos entes locais e pressionará o governo federal por respostas. Entendimento da CNM, mas que carece de maior aprofundamento, é que a redução de alíquota terá vigência de apenas três meses (janeiro, fevereiro e março), uma vez que a MP estipula a revogação a partir de abril. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, convoca todos a se unirem novamente e, juntos, pressionarem por uma solução – afirmou a entidade em nota.
Continua depois da publicidade
Em Santa Catarina
Em Santa Catarina, dos 295 municípios 285 serão beneficiados com essa redução de alíquota, mostram os números do Censo do IBGE feito em 2022. O maior desse grupo é Brusque, com 141.385 habitantes. Ficam de fora somente os mais populosos, na ordem: Joinville, Florianópolis, Blumenau, São José, Itajaí, Chapecó, Palhoça, Criciúma, Jaraguá do Sul e Lages.
Argumentos da Confederação dos Municípios
Conforme Ziulkoski, os municípios têm apresentados problemas financeiros frequentes na questão previdenciária. Entre os motivos estão a queda constante dos valores do Fundo de Participação dos Municípios e criação de novas despesas às prefeituras, muitas em função de novos programas criados pelo governo federal.
Segundo ele, os municípios com mais dificuldades são os do Nordeste. A grande maioria das prefeituras do país utiliza o Regime Geral da Previdência Social (RGPS) para o sistema previdenciário. Somente grandes municípios têm sistema próprio.
MP traz três medidas e sofre pressão
Iniciativa do Ministério da Fazenda para buscar o déficit zero em 2024, a MP, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Fernando Haddad, traz mais duas medidas: limitação de compensações tributárias conquistadas por empresas na Justiça e fim, em 2025, do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que tinha sido prorrogado pelo Congresso até 2026.
Continua depois da publicidade
O presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, reconhece que a MP revoga o programa Perse. Respeita somente os prazos constitucionais de 90 dias para contribuições e 360 dias para impostos.
Em nota, a entidade discordou de números divulgados pelo governo federal de que a renúncia fiscal chegou a R$ 16 bilhões em 2023. Para ela, essa renúncia ficou em torno de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões. A entidade prevê discutir as mudanças no Congresso.
A iniciativa inesperada do governo federal de editar uma MP na virada do ano, sem discussões, vem recebendo uma série de críticas. O Congresso Nacional está recebendo pressão dos setores econômicos beneficiados, que são os maiores empregadores do país, e também da área política, para devolver a MP ao executivo.
Leia também
2024 deve ser mais um ano de crescimento para a economia de SC, apontam perspectivas
Pequenas empresas podem aderir ao mercado livre de energia para reduzir conta de luz
Conselho do Sebrae SC elege nome interno para o cargo de diretor técnico
Pacote do governo federal que reonera folha desagrada setores e o Congresso
Santa Catarina abre 101,1 mil empregos formais em 2023, até novembro