Os aumentos disseminados de preços que elevaram a inflação para mais de 10% em 12 meses terão que se estabilizar. É esse o recado do Banco Central do Brasil ao elevar a taxa básica de juros Selic de 7,75% para 9,25% – em 1,5 ponto percentual – e sinalizar novo aumento na mesma proporção. A retração de preços se dará principalmente pela redução da atividade econômica e das expectativas.

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As causas principais da subida de preços residem na falta de oferta e alta do dólar resultante da instabilidade política. Os consumidores brasileiros passaram a enfrentar maior custo de vida em meio à pandemia de 2020, problema que persiste por mais de um ano. Em função disso, tiveram perda elevada do poder de compra, o que está afetando hoje a qualidade de vida da maioria.

Embora, aparentemente, o remédio para conter uma inflação causada pela falta de produtos e serviços pareça não ser os juros altos, esse é o recurso que o Banco Central tem e irá utilizá-lo.

Ao encarecer o crédito, vai reduzir investimentos e o consumo de bens e serviços. Os efeitos maiores são esperados nas aquisições com financiamentos, principalmente de veículos e imóveis, dois setores que estão com boa atividade atualmente. Outro movimento esperado é a maior disposição de investidores de colocar recursos em títulos do governo ao invés de investir na bolsa ou adquirir bens de alto valor, como imóveis.

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O recado do Banco Central aos agentes econômicos é de que vai inibir a economia para a inflação ficar mais perto da meta de 3,50% em 2022 – sendo esperado algo em torno de 5% – e buscar a meta de 2,25% ao ano em 2023.

Um fato novo é que, pela primeira vez desde que teve a autonomia garantida pelo Congresso Nacional, mudança aprovada em fevereiro deste ano, a autoridade monetária brasileira está fazendo um forte movimento de alta de juros para conter a inflação.

Embora o BC tivesse autonomia de fato antes da mudança, consumidores e o mercado estão seguros de que não haverá interferência política nesse trabalho. E, no final do ciclo de arrocho, os preços deverão estar alinhados com a meta, com variação de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo. Para chegar lá, o ano de 2022 será difícil para a economia. Mas o combate à inflação alta é prioridade no Brasil.