A semana começa ainda sob impactos das decisões sobre juros na quarta-feira passada (18) no Brasil e nos Estados Unidos e, também, com preocupação sobre a questão fiscal do governo brasileiro, observa a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Ela esteve em Joaçaba para palestra a empresários quarta-feira.  

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Ela falou para empresários do município no dia das decisões, quando o Banco Central do Brasil elevou a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, passando para 10,75% ao ano para conter a inflação. E o Federal Reserve, banco central dos EUA, cortou em 0,50 ponto as taxas americanas, diante de menor ritmo da economia, em especial menor oferta de emprego.

O impacto esperado era uma valorização do real, como aconteceu nos primeiros dias da semana passada. Mas na sexta-feira, o dólar voltou a ficar mais caro no Brasil por conta dúvidas sobre a questão fiscal.

– Voltaram a pesar as questões relacionadas ao risco fiscal. O mercado está se posicionando com cautela com os anúncios que podem acontecer relacionados ao contingenciamento. Há um grande ceticismo quanto ao governo conseguir cumprir a meta fiscal neste ano – avaliou a economista da Veedha.

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De acordo com Camila Abdelmalack, o mercado está preocupado com a tendência de elevação da dívida pública. Muitas coisas não entram no arcabouço fiscal como o pagamento de precatórios, a ajuda ao Rio Grande do Sul e gastos para enfrentar as queimadas. Eles ficam fora o arcabouço, mas não deixam de ser gastos que geram endividamento e preocupam o mercado, observa.  

– A gente vê o dólar voltando a apreciar no Brasil. Isso é por conta dessa dúvida em relação à condução das contas públicas brasileiras e também porque nos Estados Unidos o mercado corrigiu um pouco esse otimismo de que o Fed vai ser agressivo no ritmo de corte de juros por conta de um pronunciamento de um diretor do banco central – explicou ela.

Segundo ela, a projeção de juros no Brasil pelo boletim Focus é de uma taxa de 11,25% ao ano no encerramento do ano. Mas, provavelmente o mercado pode fazer uma projeção para cima dessa taxa porque a curva dos juros já está em 12% para o final do ano. A Veedha é uma das empresas que estão com taxa de 11,25% e poderão fazer revisão para cima na próxima semana.

Sobre a inflação, a economista afirma existe preocupação em garantir que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 mantenham-se ao redor da meta de 3%, que é a meta. Por isso o BC do Brasil elevou os juros e poderá optar por uma alta maior na próxima reunião.

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Além das dificuldades na condução da política fiscal, Camila Abedelmalack avalia que as pressões inflacionárias no Brasil ocorrem em função da atividade econômica aquecida porque as projeções do PIB foram corrigidas para cima nos últimos meses e estão próximas de 3% e, também, do mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego de 6,8%, a menor dos últimos 10 anos. Existe, também, a pressão cambial, com o dólar em elevado patamar, acima de R$ 5,50 nas últimas semanas.

Em Joaçaba, o anfitrião da Veedha, empresa de investimento vinculada à XP, foi o empresário Glaucio Grando Galli, dono dos laboratórios Pasteur e Província, em Joaçaba. Também participaram da reunião o sócio da Veedha Investimentos João Albino, e Paulo Lockmann, assessor de investimentos da Veedha.

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