Para atender o novo marco legal do saneamento básico, a Casan, empresa controlada pelo governo de Santa Catarina, informou ao mercado financeiro a intenção de captar R$ 2,4 bilhões em debêntures, a serem destinados a investimentos. Mas foi surpreendida ao receber propostas de diversos bancos e outras instituições, que somaram potencial de captar até R$ 13,36 bilhões.
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A presidente da companhia, Roberta Maas dos Anjos, avalia que essa imagem de solidez da empresa junto ao mercado resulta da gestão profissional, redução de custos e revisão de processos licitatórios. Essas e outras medidas já motivaram elevação da nota da empresa junto a agências internacionais de risco, hoje em BBB+.
Apesar dessa oferta maior de recursos, segundo a presidente, a companhia vai buscar R$ 2,4 bilhões para investimentos até 2026. Depois, serão necessários mais, somando em torno de R$ 7,5 bilhões para os investimentos até 2033. Nos últimos três anos, a companhia investiu R$ 700 milhões.
– O marco do saneamento traz uma nova meta, a de que até 2033 todos os municípios têm que estar com 90% de rede coletora de esgoto e tratamento, e 99% de abastecimento de água implantados. A Casan já atinge essa meta de água, mas a gente não está deixando de incorporar os sistemas por conta da crise hídrica. Até o governador tem aqueles R$ 1,7 bilhões anunciados e estamos recebendo os repasses da secretaria da Fazenda. Quanto a esgoto, nos municípios da Casan, estamos com uma média de 30% de atendimento – explica ela.
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Atualmente, a Casan atende 194 dos 295 municípios do Estado. Mas como são investimentos de longo prazo, as prefeituras precisam confirmar se querem e aí devem manter os contratos. A companhia está enviando carta para cada uma das prefeituras para que façam a confirmação.
Chama a atenção da empresa, no entanto, o elevado número de prefeituras que querem voltar ao sistema da Casan. Conforme Roberta dos Anjos, entre os que já conversaram sobre isso estão Camboriú, Navegantes, Penha, Canelinha, Tijucas e Coronel Martins. Isso vem ocorrendo porque muitos se depararam com a complexidade do setor na seca, quando as cidades passaram a enfrentar falta de água.
Enquanto municípios grandes têm boa parte da rede atendida com tratamento de esgoto – Florianópolis, por exemplo, tem 70% – o desafio são municípios pequenos, ainda sem rede. Por isso, a Casan está buscando modelos de outras regiões, inclusive do exterior, para redes de tratamento.
– A gente está fazendo uma cooperação com agência japonesa – porque o Japão tem muitas áreas isoladas – para aceitar novas concepções. Estamos com um projeto em Descanso e municípios vizinhos, onde a gente faz com que as casas tenham fossas corretas e a Casan faz uma rotina de coleta de lodo de fossa. Isso é aceito como sistema de esgoto coletivo, mas que não precisa de uma rede coletora. São novas ideias que estão sendo implantadas no nosso Estado e que já são aceitas em outras localidades – afirma.
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Em média, um projeto de saneamento demora cerca de quatro anos desde o planejamento até a conclusão. Na avaliação da presidente da Casan, o novo marco do setor vai tornar o Estado um “canteiro de obras”. A expectativa é de que movimente também empresas privadas de engenharia.
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