Alguns acontecimentos da vida geram tristezas que afetam inclusive a disposição para trabalhar. Mas uma conversa acolhedora ajuda a fazer conexão espiritual e trazer de volta a alegria interior. Essa é a função da capelania, atividade com foco espiritual que ganhou força na maior cidade de Santa Catarina, Joinville, a partir da pandemia. Empresas e órgãos públicos instalaram salas, tipo ‘confessionários’ onde trabalhadores são atendidos individualmente por capelões de diversas religiões.
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Atualmente, cerca de 10 empresas e todas instituições públicas municipais contam com esse serviço, informa o capelão Luiz Ricardo Caldeira, que está à frente desse trabalho. O tema foi abordado por ele em palestra na Expogestão 2023, um dos maiores congressos do país em gestão empresarial, realizado de terça a quinta-feira desta semana em Joinville.
Ricardo Caldeira explica que a capelania é uma atividade profissional reconhecida no Brasil e segue uma regulação internacional exercida por instituição com sede em Genebra, na Suíça. No Brasil, existe mais em instituições públicas enquanto nos Estados Unidos está presente também na maioria das empresas.
Pastor evangélico, graduado em teologia, Ricardo Caldeira atuava como capelão voluntário no setor público, por meio da Associação Instituto de Capelania de Joinville. Mas quando foi desafiado a atender empresas, fez um curso nos EUA e, depois abriu a firma Workplace Chaplains Corporate.
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– Dentro das empresas, a gente faz acolhimento, a gente escuta, compreende as pessoas. Nós damos a oportunidade de as pessoas falarem aquilo que, às vezes, elas não conseguem falar para ninguém. O Capelão dá segurança para a pessoa falar, ser acolhida e que ela não vai ser julgada. Aí ela fica mais tranquila e, de repente, ela mesma encontra uma solução para o problema que enfrenta – explica Ricardo Caldeira.
Segundo ele, a capelania não entra na função de psicólogos e psiquiatras. Quando identifica que a pessoa precisa de um atendimento especializado de saúde, recomenda a ela procurar um profissional.
Ricardo Caldeira revela que os desafios maiores foram gerados pela pandemia. Pessoas que perderam familiares sem se despedir, algumas vezes sem fazer as pazes devido a algum tipo de conflito, ficaram abaladas. Segundo ele, nesses casos, o capelão colabora para um pedido espiritual de perdão, o que tem ajudado as pessoas a fazer essa conexão com a própria fé e encontrar a paz.
Entre os atendimentos no ‘confessionário’, teve inclusive casos de pessoas que revelaram estar decididas na não viver mais. Diante disso, os capelões têm ajudado as pessoas buscar ajuda de psiquiatra e, até agora, todos casos foram solucionados positivamente, informa ele.
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O atendimento pelo instituto é voluntário, aos servidores públicos. Para isso, Joinville conta com 320 capelões que atendem toda a rede pública municipal, que tem 13.100 servidores. Inclui a prefeitura, secretarias do município, a polícia militar, bombeiros voluntários, bombeiros militares e a penitenciária. Esses capelões pertencem a diversas religiões, entre as quais católica, evangélica, evangélica luterana e batista.
Foi a partir do atendimento ao município que o prefeito Adriano Silva tomou conhecimento da atividade e desafiou Ricardo Caldeira a atender uma das empresas da sua família, a indústria de medicamentos Catarinense Pharma. A partir daí vieram outras empresas.
O empresário Alonso Torres, que realiza a Expogestão e, há anos, tem dado atenção maior a conteúdos que focam o bem-estar nas empresas considerando questões psicológicas, decidiu levar o case da capelania para o evento este ano.
– Como lidar com as questões de problemas mentais? Temos pessoas que trabalham com medo, com ansiedade. Essa pessoa poderia operar uma máquina? São desafios do chão de fábrica. Existem também os desafios nos escritórios. As empresas estão tratando, ajudando seus profissionais. Por isso trouxemos psicólogo, sociólogo, antropólogo e o capelão – explica Alonso Torres.
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