A aquisição da multinacional europeia Teksid, braço de fundidos da Fiat Chrysler (Grupo Stellantis) no mundo, pela Tupy, de Joinville, foi aprovada com restrições para o mercado brasileiro em sessão de julgamento do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nesta quarta-feira. Para preservar a concorrência local de blocos e cabeçotes para motores, o conselho definiu, em Acordo de Controle em Concentrações (ACC), a transferência de certos contratos de fornecimento para outro agente. O negócio anunciado pela Tupy em 2019, no valor de 210 milhões de euros (R$ 1,4 bilhão em cotação atual), envolve uma fábrica em Betim, Minas Gerais, e mais quatro unidades no exterior sediadas no México, Portugal, Polônia e China.

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Tupy investe quase R$ 1 bilhão na aquisição da multinacional Teksid

Com essa aquisição, a empresa de Santa Catarina consegue consolidar presença mais robusta no mercado internacional de peças fundidas para o setor automotivo, em especial grandes veículos, nos principais mercados do mundo. Contudo, para fechar o negócio, é preciso ter as aprovações de todos os órgãos de concorrência dos países onde a Teksid tem fábricas, explica o diretor financeiro da Tupy, Thiago Struminski.

– Da maneira como o negócio é estruturado, nós precisamos da aprovação de todas as autoridades antitruste. Já tivemos a aprovação na Europa e na China. Houve a decisão do Brasil, mas ainda faltam Estados Unidos e México. Não faremos desembolso enquanto não tivermos todas aprovações. Acreditamos que esse processo será concluído no início do segundo semestre deste ano – explica Struminski.

A restrição do Cade limita presença no mercado interno. Segundo o conselho, o desinvestimento em cinco anos representa entre 26% e 29% dos blocos de motores de ferro vendidos pela Teksid no Brasil. Inicialmente, o impacto estimado pela empresa é de uma redução em torno de 10% da capacidade de produção da Teksid no Brasil.

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O relator do processo, conselheiro Luis Braido, afirmou que a concentração gera preocupação concorrencial em função da alta participação de mercado que as duas requerentes passariam a ter, sem que as condições de entrada e rivalidade sejam suficientes para afastar um provável exercício de poder de mercado. Para ele, o acordo preserva as condições de concorrência. Ele facilita, por cinco anos, transferências de demandas dos clientes da Tupy e Teksid, assim, não afeta os contratos atuais.

As restrições chamam a atenção por envolverem um mercado de produtos de qualidade específica, que têm poucos fornecedores do mundo e, uma empresa, normalmente adquire do mesmo fornecedor sempre. Com 80 anos de atuação, a Tupy oferece cerca de 9 mil empregos diretos em Joinville. Tem, também, fábricas em Mauá (SP) e nas cidades de Saltillo e Ramos Arizpe, no México.