Em pleno período de Páscoa, quando a compra e o consumo de chocolates acelera, o mercado mundial vive uma verdadeira bolha especulativa no preço do cacau, o mais caro ingrediente deste doce preferido pela maioria. Os preços internacionais subiram até 240% de outubro até agora na bolsa de Nova York, destaca a empresária catarinense Maitê Lang, de Pomerode, fundadora e sócia da Nugali Chocolates.

Continua depois da publicidade

Entre na comunidade do WhatsApp de Colunistas do NSC Total

Mas, segundo ela, essa alta de preços vai impactar no bolso dos consumidores brasileiros somente depois da Páscoa, quando os fabricantes vão repor estoques e começarão a repassar esse custo maior. Isso porque a produção da Páscoa, que já está no comércio, foi feita com cacau adquirido antes da alta.

A causa principal dessa elevação internacional de preços foi a redução de 40% na produção de cacau na Costa do Marfim e Gana, países que são os maiores produtores mundais. Com isso, ocorreu uma queda de 10% na oferta internacional do produto. As perdas foram causadas por muita chuva e produção menor pelo fato de árvores serem antigas, com falta de renovação.

– Em outubro, a tonelada de cacau no mercado mundial custava US$ 2,5 mil. Em janeiro, subiu para US$ 4,5 mil, uma alta de 80%. Agora, na última sexta-feira, chegou a US$ 8,5 mil. Isso significa aumento de 240%. Na minha visão, esse é um crescimento especulativo – avalia Maitê Lang.

Continua depois da publicidade

Segundo a empresária, as indústrias de chocolate premium do Brasil, que despontaram nos últimos 20 anos puxadas pela Nugali, utilizam somente cacau nacional, com produção diferenciada. O segmento já paga cerca do dobro mais pelo produto para ter os produtores cativos.

Apesar de ser produção nacional, o preço acompanha o mercado mundial, por isso as compras da matéria-prima para este ano e o próximo estão sendo feitas com preços maiores, observa Maitê Lang. Isso para manter os fornecedores no longo prazo.

Segundo ela, na próxima semana, logo após a Páscoa, os fabricantes de chocolates vão reajustar preços. A Nugali manterá as fórmulas dos seus produtos e fará um acréscimo de 25%. Mas alguns fabricantes poderão reduzir o peso da barra de chocolate ou mudar o tipo de ingrediente.

– A Nugali vai completar 20 anos segunda-feira. Nós desbravamos o mercado de chocolate premium no Brasil, fabricamos o primeiro produto “bean to bar” (ter controle da produção desde a plantação de cacau até o produto final) do país. Por isso não vamos mexer na nossa formulação, nem no tamanho da embalagem – destaca Maitê Lang.

Continua depois da publicidade

Os sócios da Nugali Chocolates, Maitê Lang e Ivan Blumenschein (Foto: Nugali, Divulgação)

Mais vendas para a Páscoa

Presente em quase 2 mil pontos comerciais no Brasil, a Nugali projetou mais uma Páscoa com alta de vendas. A estimativa é de crescimento de 20% em volume frente à Páscoa de 2023. Foram fabricados 200 mil ovos a produção de chocolates amargos foi ampliada em 35% no período.  

A empresa, fundada em 2004 por Maitê Lang e Ivan Blumenschein, que foram engenheiros da Embraer, produz cerca de 200 toneladas de chocolates ano. Isso significa 20% do mercado nacional de chocolates de alto padrão.

Consumo por pessoa

Apesar de o brasileiro comprar muito chocolate na Páscoa, o consumo anual per capita no país é baixo frente a mercados do primeiro mundo.

Continua depois da publicidade

Conforme Maitê Lang, a Suíça lidera com 10 quilos por pessoa, seguida pela Alemanha com nove quilos e os Estados Unidos, com média entre cinco e sete quilos. No Brasil, o consumo estimado é de dois a três quilos por pessoa, por ano.

Leia também

WEG ajusta produção de aerogeradores conforme a demanda

Koerich entra no grupo das empresas bilionárias de Santa Catarina

Nova regra de ICMS para bebidas “quentes” vai beneficiar 311 mil empresas em SC

Fiesc relança a campanha Trabalhe na Indústria com portal para candidatos e vagas

Vem aí uma “autobahn” catarinense na região do litoral?