Após o ano de 2023 com serviços extraordinários para Santa Catarina como a oferta de crédito pelo Pronampe Emergencial para empresas atingidas pelas chuvas e crescimento de 65% na concessão de crédito no Estado, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) tem novos desafios para 2024. Os principais são operar o novo Pronampe permanente e oferecer crédito em geral com ênfase em sustentabilidade, destaca o presidente da instituição, João Paulo Kleinübing.

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O novo Programa Estadual de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) teve a regulamentação assinada pelo governador Jorginho Mello dia nove deste mês, em Joinville.  

Agora, estão sendo definidos detalhes para que possam ser iniciados empréstimos via BRDE e Badesc, com parcerias de cooperativas de crédito. O Pronampe Emergencial beneficiou via BRDE 1.083 empresas, com a liberação de R$ 140 milhões.

Em 2023, o BRDE emprestou R$ 5,7 bilhões para a Região Sul e, desse montante, R$ 1,93 bilhão financiou projetos em SC. Conforme Kleinübing, esse foi um recorde de recursos do banco para SC.

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Um diferencial para este ano é uma atenção maior à sustentabilidade. O presidente informa que estão sendo feitas conversas com a Federação das Indústrias de SC (Fiesc) para financiar a descarbonização de empresas na área de energia e, também, crédito agrícola para recuperação de áreas degradadas.

Segundo ele, o BRDE seguirá também financiando inovação via Finep, parceria que tem resultado na liderança da Região Sul na liberação de recursos a projetos inovadores. Saiba mais na entrevista o presidente da instituição, João Paulo Kleinübing, a seguir:

O Pronampe catarinense estreou como emergencial, para apoiar empresas atingidas pelas enchentes de outubro e novembro. Agora, vem o Pronampe permanente. Como será essa nova fase?

– A gente conseguiu liberar, num curto espaço do tempo, um volume bastante significativo de recursos, R$ 140 milhões de reais em praticamente três semanas, numa parceria muito forte com comparativas de crédito. É importante reconhecer que a parceria com as comparativas permitiu com que esse dinheiro chegasse mais rápido na ponta, aos empresários.  

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E o governador Jorginho, desde o ano passado, fala em criar o Pronampe Catarinense. Então, o programa nasceu para atendimento emergencial, mas vai se estender agora para atender fora da emergência das chuvas, com alguns critérios diferentes.

Vai procurar privilegiar áreas com menor IDH, com o banco cumprindo também o seu papel no sentido de poder reduzir as desigualdades regionais de Santa Catarina. Vai trabalhar dentro dos setores que o governador já colocou, que são o Pronampe Mulher, Pronampe Inovação, Pronampe Rural e Pronampe SC. Será um trabalho vinculado aos programas que o Estado já tem feito, mas dentro do mesmo princípio de você ter parte dos juros pagos pelo governo do Estado.

Então, a gente tem estimativa que no Pronampe Emergencial o total do subsídio em quatro anos vai ser alguma coisa de R$ 41 milhões a R$ 42 milhões aproximadamente. A ideia é que isso continue para frente, a cada ano, com esse mesmo montante de subsídio para a gente poder trabalhar o Pronanpe junto ao Badesc e ao BRDE, que são os dois braços financeiros do Estado.

Hoje, a gente trabalha com duas ações para a pequena empresa. Uma delas é o Pronampe e a outra é uma ideia que a gente vem trabalhando com o Sebrae Nacional desde o ano passado, que é a criação de um fundo de aval.

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Como é esse projeto do fundo de aval com o Sebrae Nacional?

Estamos fazendo um projeto para atender o BRDE como um todo, para os três estados do sul. É um fundo que teria inicialmente R$ 100 milhões de recursos do banco e do Sebrae, que alavancaria até R$ 1,2 bilhão em operações.

Muitas vezes, as pequenas empresas têm dificuldades para acessar crédito porque não conseguem oferecer as garantias necessárias para as operações. Então, esse fundo não seria apenas para as operações do BRDE, mas seria um fundo para oferecer nas operações do Badesc, nas operações das cooperativas e de outras instituições financeiras, numa parceria nossa com o Sebrae. A gente tem discutido isso com o Sebrae. Já houve algumas sinalizações e a gente espera em breve estar com isso formatado.

Como está a previsão de crédito do BRDE para empresas este ano? Será possível superar os resultados de 2023?

– 2023 foi um grande ano. Tivemos recorde de contratações. O total de operações realizadas pelo BRDE somou R$ 5,8 bilhões. Para Santa Catarina, emprestamos praticamente R$ 2 bilhões. Isso é um salto de 65% com relação a 2022, é bastante significativo.

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O agronegócio ainda tem representação muito forte. Temos boa participação de recursos internacionais e recursos da Finep. Nossa expectativa para este ano é trabalhar com alguns produtos específicos. Conversamos com a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) para financiar projetos de eficiência energética na indústria, financiar a descarbonização da indústria de Santa Catarina através do hub de descarbonização da própria federação.

A gente tem se aproximado dessas iniciativas para poder oferecer a solução financeira porque eu acho que é um grande diferencial que o banco pode oferecer. Cada vez mais fazer com que as nossas operações se vinculem às estratégias de desenvolvimento e crescimento que os nossos estados têm, apoiando essas iniciativas, o que é o nosso papel.  

O governo federal lançou no começo deste ano a nova política industrial, com investimentos de R$ 300 bilhões até 2026. O BRDE vai participar desses financiamentos previstos?

– Sem dúvida. Veja o caso da Finep hoje. Nas operações indiretas da Finep, ou seja, nas operações em que ela faz através de um agente financeiro, nós somos o maior operador da Finep no Brasil. Praticamente metade de tudo o que a Finep fez (financiou) no Brasil nos últimos 10 anos, em operações de crédito, foi através do BRDE para os três estados da Região Sul.

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Então, nós somos o principal operador da da Finep, um dos principais operadores do BNDES e, olhando para o lançamento da nova política industrial, a gente tem grande expectativa, especialmente em recursos para inovação, de poder oferecer esse recurso aqui para a região, usando toda experiência que a gente tem nessa área.

Quando uma empresa pensa em buscar recursos para financiar inovação ela vem para o BRDE?

– Na verdade, quando a gente fala em inovação na Finep, vai muito além da empresa de tecnologia. Hoje, você trabalha com conceito de inovação, de venda e produtividade, especialmente voltado para indústria. E a capacidade de inovação da indústria, do empreendedor catarinense é muito grande.

Então, a gente tem bons exemplos aí desde utilização de novos materiais, desenvolvimento de novos produtos, ganhos de produtividade e melhoria de eficiência. Tudo isso pode ser financiado por linhas de crédito para inovação. Essa identificação de oportunidades com o cliente é um dos diferenciais que o BRDE oferece.

A sustentabilidade também é um ponto forte do BRDE. O que vocês financiam mais e o que estão prevendo para este ano?

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– Desses R$ 5,8 bilhões que financiamos no ano passado (2023), praticamente R$ 1 bilhão foi em energia renovável. Então, nós temos a presença é muito forte aqui na região em energia fotovoltaica.

Nós temos financiamentos internacionais específicos para isso. Em especial uma linha do Banco Europeu de Investimento, que é uma linha com taxas de juros bastante atrativas é a que financiou muitas dessas operações. A gente tem uma forte participação nisso. Quando a gente olha para as nossas operações, 80% têm aderência a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).   

O banco tem essa preocupação. No ano passado, nós assinamos com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em Dubai, a nossa adesão aos princípios de responsabilidade bancária. São apenas cinco brancos no Brasil que têm esse compromisso, o que exige de nós uma série de posturas e de identificações de oportunidades na área de sustentabilidade.

A gente quer ir além das operações de crédito. A gente tem toda uma discussão com relação ao mercado de carbono. Estamos desenvolvendo um projeto com a Secretaria de Estado da Agricultura de recuperação ambiental de pequenas propriedades catarinenses com recursos do BNDES, com recursos do Fundo da Amazônia, do fundo Floresta Viva, de uma série de fundos para viabilizar esse projeto que é transformador para a agricultura de Santa Catarina.

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Com isso, o BRDE oferece soluções para esses objetivos do Estado que vão além de operações de crédito. O nosso papel que é promover o desenvolvimento de Santa Catarina.

O banco fechou 2023 com expansão recorde na concessão de empréstimos em Santa Catarina, crescimento de 65% frente ao ano anterior. É difícil repetir esse resultado. Qual é a expectativa para este ano?

– É difícil repetir. A gente teve um ano realmente muito expressivo. Mas um desafio que a gente tem é ir além dos números. Uma coisa que todos os bancos internacionais de desenvolvimento têm feito é medir os impactos das suas ações. Não olhar apenas os números financeiros. É por isso a ampliação da nossa atuação, indo além do crédito.

Como é a inadimplência no BRDE?

– É baixíssima! No caso de inadimplência acima de 90 dias, a da agência de Florianópolis é de 0,04% e a do BRDE (na Região Sul) é de 0,62%. Nesse momento, a gente está fazendo um programa de recuperação de crédito, chamando os nossos principais clientes que hoje estão inadimplentes, oferecendo condições para que eles possam regularizar o seu crédito.

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A gente tem trabalhado nisso. O crédito envolve desde a concessão até a cobrança e a gente consegue cumprir todas essas etapas de forma bastante eficiente. A nossa inadimplência é muito inferior à do mercado financeiro em geral.

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