Instituição que financia investimentos empresariais e públicos, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) mudou sua diretoria segunda-feira (01), seguindo o rodízio dos estados da Região Sul. O catarinense João Paulo Kleinübing, que até segunda-feira era o presidente da instituição por indicação do governador Jorginho Mello, assumiu a diretoria financeira, passando a  presidência para o gaúcho Ranolfo Vieira Júnior.

Continua depois da publicidade

Entre na comunidade exclusiva de colunistas do NSC Total

Mas Kleinübing destaca que a atenção para Santa Catarina continua avançando com oportunidades de financiamento para o setor empresarial, com ênfase às pequenas empresas, descarbonização e inovação. Entre as novidades previstas, está um Pronampe para projetos de sustentabilidade e apoio às exportações de médias empresas.

Além disso, o banco segue com a diversificação de captação de recursos para emprestar. Uma nova oportunidade serão as Letras de Crédito e Desenvolvimento (LCD). A instituição também dará maior atenção a projetos do setor público voltados à prevenção de impactos em função do clima. Saiba mais na entrevista de Kleinübing, a seguir:  

O que o senhor destaca na sua gestão à frente do BRDE?

Continua depois da publicidade

– A gente aprofundou o compromisso de ser um banco “verde”, com assinatura dos princípios e responsabilidades bancárias. Também fizemos discussão sobre o impacto que a nossa carteira de crédito tem na emissão de gases do efeito estufa.

Ainda na área ambiental, estamos fazendo um trabalho com a Federação das Indústrias de SC (Fiesc) por meio do hub de descarbonização, que envolve a descarbonização da cadeia de produção de carne suína. E junto com o Senai, temos um projeto para a troca de motores elétricos.

Outro projeto de destaque é o Pronampe Emergencial. Foi uma ação extremamente importante do governador Jorginho Mello depois da enchente de 2023. Ele pediu para que fizéssemos o atendimento para micro e pequenas empresas que sofreram com as chuvas, especialmente no Alto Vale do Itajaí. Mobilizamos o banco e junto com as cooperativas de crédito, em três semanas conseguimos emprestar R$ 150 milhões, com subsídios do governo do Estado.

O BRDE avançou na liberação de crédito em 2023. Quais foram os principais números?

– Nós tivemos recorde de resultados financeiros, o maior volume de operações da nossa história. Por exemplo: realizamos quase R$ 6 bilhões em novos contratos. Desse total, quase R$ 2 bilhões foram para Santa Catarina, 65% mais que no ano anterior. Isso demonstra a capacidade que o banco tem de conseguir atender o Estado.

Continua depois da publicidade

Seguimos como destaques no financiamento para inovação. O BRDE é o maior parceiro da Finep do Brasil. Metade de tudo o que a Finep fez de operação direta no Brasil foi pelo BRDE e 42% disso em Santa Catarina.

Isso dá a dimensão da capacidade de inovação que SC tem e como o BRDE consegue atender os empreendedores para inovação. Então, acho que o banco se aproximou das pessoas e tem discutido novos projetos.

O que vai priorizar como diretor financeiro do banco?

–  A diversificação da origem dos recursos.  Há cinco anos, o banco só repassava recursos do BNDES. Aí iniciou um processo de internacionalização, ou seja, passou a buscar contratos com recursos de outras instituições internacionais para poder oferecer mais financiamentos na Região Sul.

Aí vieram o Banco Francês de Desenvolvimento (BFD), o Banco Mundial (Bird), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e o NDB, Banco dos Brics.

Continua depois da publicidade

Nesse processo de diversificação de origem de recursos está, também, o nosso retorno ao mercado de capitais. O banco emitiu R$ 360 milhões em LCA, Letras de Crédito do Agronegócio. Foi a primeira vez que passamos a fazer captação a mercado. Emitimos em maio e junho, em 45 dias úteis.

Nossa expectativa inicial era de R$ 150 milhões, mas captamos R$ 360 milhões porque houve muita demanda. O BRDE é um banco com credibilidade e usará esses recursos para seguir financiando o agronegócio da Região Sul. Nós seguiremos financiando o agro regional.

E na semana passada o Senado aprovou projeto de lei que cria a Letra de Crédito e Desenvolvimento (LCD). É extremamente importante para fortalecer os bancos de desenvolvimento do Brasil. Nós estamos com uma expectativa muito grande para essa captação. A gente acha que conseguiria captar este ano alguma coisa como R$ 500 milhões ou mais, podendo chegar a R$ 1 bilhão no ano que vem.

Isso vai nos permitir ter mais uma fonte de recursos a um custo interessante e poderemos emprestar mais, colocando esse dinheiro em favor do desenvolvimento do setor produtivo.

Continua depois da publicidade

Temos muita expectativa em relação a isso. Acho que será um passo importante para os bancos de desenvolvimento do Brasil para financiar o setor produtivo brasileiro. Acredito que o custo desse dinheiro será parecido com o custo final da LCA. Esse recurso vai render emprego e qualidade de vida na região. Isso está vinculado ao nosso novo Pronampe.

O BRDE vai operar Pronampe novamente?

– No ano passado, tivemos o Pronampe Emergencial. A principal demanda que o governador Jorginho Mello tem feito ao banco é fortalecer nossa ação junto aos pequenos e microempresários.

Já existe uma lei do Pronampe que o Badesc está operando. Estamos propondo uma alteração, criando programa que seria operado pelo BRDE. Isso porque não adianta as duas instituições operarem as mesmas linhas.

Acho que a gente precisa diversificar e o foco do BRDE seria justamente as ações de sustentabilidade das pequenas e em médias empresas e também o que é uma demanda antiga da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), que é o apoio para exportações.

Continua depois da publicidade

Santa Catarina tem uma vocação empreendedora muito grande na indústria e existe um problema de crédito especialmente para a média indústria fazer exportação. O que a gente quer oferecer com esse Pronampe é um apoio para exportação da indústria.

A lei atual do Pronampe é para operação somente pelo Badesc, com quatro focos: mulher, inovação, pequenas empresas e agro. A gente está colocando essa questão da sustentabilidade e da exportação também, prevendo possibilidade de subsídios para essas operações.

Como o BRDE está atuando com foco na sustentabilidade? O senhor esteve na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, ano passado, tratando disso.

– A gente tem algumas coisas em relação a isso. Primeiro, para o setor público, o que eu acho extremamente importante. A gente tem um programa com o Banco Mundial de resiliência Urbana. Estamos buscando mais recursos internacionais dentro dessa linha para apoiar os municípios nas suas ações de prevenção a desastres naturais.

Continua depois da publicidade

Essa é uma ação importante para preparar as nossas cidades para o enfrentamento de situações adversas que, infelizmente acabam acontecendo aqui no nosso Estado. A gente tem essa questão do ramo de descarbonização da Fiesc. A gente quer discutir como descarbonizar a indústria e o BRDE quer ser o principal provedor de recursos para isso.

A gente quer integrar, cada vez mais, as ações do banco com as do governo do Estado para juntos, em parceria com as federações empresariais do Estado, montarmos os melhores programas.

A questão da sustentabilidade é um fator realmente importante que envolve desde projetos de troca de motores para melhorar a eficiência energética, descarbonização como um todo, a gente quer fortalecer as competências regionais cada vez cada vez mais, muito para inovação. Acho que isso é fundamental.

E para a inovação, como será a atuação do BRDE?

– Santa Catarina é um estado inovador. Temos o BRDE Labs, que estamos indo para a terceira edição. É um programa de mentoria e apoio a startups que estão na fase de atração comercial. Fazemos em parceria com a Associação Catarinense de Tecnologia, mas que neste ano de 2024 está ganhando uma versão nova.

Continua depois da publicidade

O Investor Day será na próxima quarta-feira, dia 10 de julho. A gente pegou as empresas que passaram pelo programa nas outras duas edições e estamos preparando-as para poderem receber aportes de recursos. Teremos investidores e as empresas selecionadas poderão “vender seu peixe” para atrair recursos.

Essa é uma ação com recurso não reembolsável do BRDE em apoio à inovação. Então, a sustentabilidade, a inovação e a colaboração para transformar a nova política Industrial brasileira em ações aqui no Estado, em parceria com a Fiesc, são fundamentais para os próximos meses. Inclusive na próxima semana vamos participar, na Fiesc, de um evento que vai discutir o fortalecimento do sistema de saúde, por exemplo.

Leia também

Lideranças da Serra de SC articulam a instalação da ZPE de Lages

Paulo Bornhausen assume a Secretaria de Estado de Articulação Internacional

Fenin Fashion aquece vendas de confecções e o turismo em Balneário Camboriú

Indústria de SC presente em quase todos os lares do Brasil está perto de faturar R$ 1 bilhão

Executivo da WEG é promovido aos EUA e história de amor em família ganha outdoor