Em função dos impactos do coronavírus na economia e aprovação de aumento de gastos federais com Benefício de Prestação Continuada (BPC), a B3, bolsa de valores brasileira teve queda acumulada de 25% até esta quinta-feira. A queda do Ibovespa ontem, de 14,76%, foi a maior desde 1998, portanto, há 22 anos. Mas desde o recorde de janeiro até esta quinta-feira, a retração do Ibovespa chegou a 39%.

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Mas hoje, devido aos estímulos financeiros à economia dos Estados Unidos e de países da Europa e também porque investidores estão voltando a comprar ações, a expectativa é de um dia melhor, estima Cauê Ostetto, sócio e gestor de investimentos da empresa EQI, de Florianópolis.

Segundo ele, as maiores retrações da bolsa, ontem, foram de empresas aéreas, em função do grande número de cancelamento de passagens. Empresas de commodities também caíram bastante ontem e nos últimos dias, especialmente as ações da Petrobras. Quando ocorrem grandes variações, os analistas fazem questão de comparar números.

– A maior alta do Ibovespa foi dia 23 de janeiro deste ano, com119.527 pontos. Depois dessa marca, recuou para 72.582 pontos nesta quinta-feira, o que significa uma queda de 39% – informa Cauê Ostetto.

As três empresas catarinenses que integram o Ibovespa também tiveram quedas, quase todas na média da retração geral. As ações da WEG estavam sendo vendidas, em média, por R$ 49,60 e nesta quinta fecharam em R$ 33. As da Engie Brasil Energia estavam em R$ 55 e recuaram para R$ 41,26 e as da BRF, que em janeiro chegaram a R$ 37, nesta quinta fecharam a R$ 15,25.

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Experiência nas crises

O assessor de investimentos Adolir Rossi, da Manchester, de Joinville, um dos mais experientes profissionais que atuam no mercado acionário catarinense – está na Manchester há 35 anos – afirma que a grande dificuldade dessa crise é que está difícil ver um fim, o que deve ocorrer somente com uma vacina.

Segundo ele, o mercado entrou em pânico, mas para quem investe com cautela não há motivo para isso. Ele recomenda às pessoas destinarem para ações de 5% a 15% do capital e manter a carteira atual, salvo alguma exceção. Até porque a taxa Selic está baixa e deve ter mais cortes. Como as remunerações de outras alternativas de investimentos também são baixas, quem está na bolsa não perde tanto por ano. Hoje é diferente dos tempos em que a taxa básica Selic estava em mais de 15% ao ano, observa ele.

– Temos muitos novos CPFs que entraram na bolsa na alta e alguns acabam vendendo ações agora. Estrangeiros também estão vendendo ações, comprando dólar e enviando para seus países. Por isso a moeda americana subiu – afirma Rossi

Outros investimentos

Além disso, desde ontem, muitos investidores estão aproveitando outra oportunidade de investimento. São os títulos do tesouro NTN-B, que estavam sendo vendidos com correção da inflação mais 3% e passaram ontem para inflação mais 5%.

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Nesta sexta-feira, o dólar também ficou um pouco mais barato. A Açoriana Corretora, que atua em 10 cidades do Estado, estava vendendo a moeda, de manhã, por R$ 4,94 e comprando por R$ 4,40. Ontem era mais caro.