Desde o dia 6 de janeiro, segunda-feira, bancos, cooperativas de crédito e outras instituições financeiras estão proibidas pelo Banco Central do Brasil de cobrar mais de 8% de taxa de juros ao mês no cheque especial. Em compensação, poderão cobrar taxa de 0,25% sobre o valor disponível que exceder o limite de R$ 500 do cheque especial. Essa nova taxa seria apenas para novos contratos, a partir de segunda-feira. Mas a maioria das instituições informou que não vai cobrar.
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Em Santa Catarina, cooperativas de crédito com poder de decisão local, como Sicoob/SC, Unicred SC/PR, Viacredi e Sicredi informaram que não vão cobrar a tarifa de 0,25%. Dos grandes bancos do país, apenas o Santander informou que cobrará dos novos clientes.
Para os clientes bancários, essa decisão de não cobrar a taxa é positiva, mas o ganho maior para os correntistas é a redução do juro do cheque especial para 8% ao mês, o equivalente a 150% ao ano, acumulado.
Antes disso, estava numa média de 12,4% ao mês, o equivalente a 306,27% ao ano, enquanto o juro básico da economia, a taxa Selic, caiu para 4,5% ao ano.
Vergonha nacional
Os juros no cheque especial e no cartão de crédito sempre foram abusivos no Brasil, afetando os mais pobres, refletindo o quanto é caro não oferecer educação financeira adequada a todos para que possam fugir desses custos.
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Para ilustrar a vergonha nacional que é o peso dos juros médios do cheque especial no Brasil, o economista Alexandre Amorim, da empresa de investimentos Par Mais, de Florianópolis, fez uma projeção em outubro de 2019, que foi atual até a última segunda-feira porque os juros só mudaram agora.
Considerando a taxa média mensal de juros do cheque especial de 12,4% cobrada pelos cinco maiores bancos no Brasil até semana passada, ele usou como exemplo uma dívida de R$ 10 mil. Em um ano, o montante devido subiu para R$ 40.627, em três anos acumulou débito de R$ 670.560,00 e em 10 anos, chegou aos estratosféricos R$ 12,249 bilhões. Ele apontou que o mais barato para cobrir uma dívida é o crédito consignado mas, mesmo assim, é bem mais caro do que a taxa Selic.