A decisão de elevar em 1,00 ponto percentual a taxa básica de juros Selic, de 4,25% ao ano para 5,25% mostra que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu elevar o arrocho para conter a inflação. O problema começou no segundo semestre do ano passado, mas os técnicos do BC acreditavam que seria um aumento temporário. Apesar dessa alta de juros, investidores não têm, ainda, motivos para mudar aplicações financeiras ou decisões sobre investimentos.

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Há tempos o consumidor notou que a volta da inflação não seria temporária, em especial devido ao boom das commodities e a retomada da economia com a vacinação. A inflação de Florianópolis em junho, medida pelo Índice de Custo de Vida (ICV) da Esag-Udesc, foi clara nisso. Os aumentos de 4,2% na carne de frango e no leite e derivados indica repasses do preço do milho, que dobrou desde o ano passado e pressiona custo de alimentos desde lá.

Além disso, tem repasses da alta dos combustíveis e energia. Aliás, a energia segue com preço em elevação porque pode vir mais aumento de bandeira tarifária devido à crise hídrica e, no caso de SC, haverá mais o reajuste da tarifa da Celesc neste mês. Nos últimos três meses, a alta da energia no Estado superou 15%.

O BC informou que vai elevar a Selic em mais 1,00 ponto percentual na próxima reunião e subirá ainda mais este ano, até que o juro pressione preços para baixo, mirando a meta de inflação de 3,5% em 2022. Isso significa que a Selic pode fechar 2021 em torno de 8% este ano, acima da inflação oficial, estimada para 7%.

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Apesar da Selic ter subido para 5,25% ao ano, o investidor que está com recursos na caderneta de poupança ou na renda fixa deve seguir na busca por aplicações que ofereçam melhor retorno. Isso porque essas seguem oferecendo rentabilidade negativa frente à inflação, apesar de serem mais seguras. Quem deseja resultado maior precisa correr riscos na renda variável.

Essa variação de juros, embora eleve o custo do crédito, não deve afetar decisões de investimentos em imóveis e automóveis, por exemplo. Apesar da escalada de altas da Selic prevista pelo BC, o consumidor ainda vai enfrentar inflação alta este ano. Se os juros tivessem aumentado antes, os preços em geral seriam menos pressionados.