Cenários econômicos e geopolíticos, com suas ameaças e oportunidades foram destacados pelo ex-presidente do governo da Espanha, José María Aznar em palestra para lideranças empresariais e políticas nesta quarta-feira, na Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Ele afirmou que o mundo vive uma mudança de era pela revolução tecnológica liderada pela inteligência artificial e pela mudança na política. Reconheceu que a polarização política é um desafio, mas disse que ela só acontece na democracia onde são necessários o “Estado de Direito” e liberdade de expressão.
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Ao falar sobre o Brasil, reconheceu que é um país grande, mas fez questão de fortalecer empatia com Santa Catarina, se referindo ao estado sempre como “Santa e Bela Catarina” e mostrando conhecimento sobre o potencial econômico e turístico catarinense. No final da palestra, o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, o convidou para ser um embaixador de Santa Catarina na Espanha, convite que não foi aceito no momento, mas foi recebido com simpatia.
José María Aznar falou para uma plateia atenta de líderes empresariais e executivos do setor público, no auditório principal da Fiesc. Começou destacando fatos econômicos relevantes do governo dele à frente da Espanha, como a participação na criação do Euro, a moeda comum da União Europeia, e a opção de reduzir a carga tributária para aquecer a economia e arrecadar mais.
– Quando assumi o governo, fomos informados que teríamos 18 meses para que a Espanha cumprisse todas as condições para ser membro fundador da moeda comum europeia, o Euro. Teríamos que cumprir cinco condições e ainda não cumpríamos nenhuma. Me disseram: não se esforce muito poque não vão conseguir. Eu disse que a Espanha seria membro fundadora do Euro e em 18 meses cumprimos todas as condições – disse Aznar.
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Segundo ele, a decisão estratégica de reduzir a alíquota de impostos para arrecadar mais deu tão certo que o economista americano que fez essa teoria, Arthur Laffer, fez questão de visitá-lo.
Veja fotos do evento na Fiesc com o líder espanhol José María Aznar:
Inteligência artificial generativa
Mas Aznar gerou apreensão na plateia ao alertar sobre a nova era mundial causada pelas consequências da revolução tecnológica liderada pela inteligência artificial e as mudanças políticas. Segundo ele, essas duas mudanças afetam a todos: países, empresas, estados e pessoas. E é preciso atenção à inteligência artificial generativa.
– É importante distinguir inteligência artificial da inteligência artificial generativa. A inteligência artificial é a realização de uma atividade por uma máquina. A inteligência artificial generativa é quando a máquina pensa, cria, toma decisões e as aplica sem a intervenção do ser humano – alertou Aznar.
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De acordo com o líder político, existe no mundo uma disputa entre grandes grupos empresariais para liderar essa revolução tecnológica, mas enfatizou que as empresas mais avançadas são as de países com economias livres. Mas para estar bem-posicionado nesse novo mundo são necessários cinco fatores: demografia, poder militar, poder tecnológico, poder econômico e valores culturais.
Polarização política global
Aznar também falou sobre a polarização política mundial, um dos temas da sua palestra. Recorreu à afirmação do ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, para explicar a situação atual e cenário futuro, aquela de que “A democracia é a pior forma de governo exceto todas as outras…”
Na avaliação dele, não existe democracia em um país se não existir “Estado de direito” e liberdade de expressão”. Segundo ele, as redes sociais são novos meios de comunicação que podem ter algumas regras como proibir a promoção do terrorismo e pornografia infantil.
O ex-presidente do governo da Espanha falou por 26 minutos e, depois, respondeu a perguntas do presidente da Fiesc e do economista Marcos Troyjo e do público por 50 minutos.
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Questionado por Troyjo sobre quais reformas os países devem fazer para enfrentar essa nova era, Aznar afirmou que entre as medidas necessárias estão normas econômicas claras, limitar despesas, guardar dinheiro para investir e favorecer investimentos empresariais com liberdade econômica.
Para a equipe de imprensa da Fiesc, ele falou sobre polarização, economia brasileira e acordo Mercosul-União Europeia. Disse que a polarização é característica do mundo de hoje e afeta todos os países, não afeta somente o Brasil. Mas é preciso buscar objetivos comuns para que o diálogo entre as partes políticas seja cada vez mais intenso e mais proveitoso para os países.
Acordo Mercosul e União Europeia
– Vivemos uma mudança de era importante, por isso todos os governos devem pensar três ou quatro objetivos para as próximas décadas. É preciso buscar maior consenso possível entre as forças políticas que tenham possibilidade de liderar governos e maior apoio social possível. Essa é a receita certa para os países que, nessa situação de mudança, queiram estar bem colocados, aumentar suas possibilidades de crescimento, bem-estar e influenciar o mundo – disse o ex-presidente ao falar sobre o tipo de gestão pública que o Brasil pode adotar.
Questionado sobre a aprovação do acordo Mercosul e União Europeia, ele disse que não está fácil porque existem inconvenientes. Disse ser favorável, mas que são necessários alguns movimentos, de países que podem fazer mais pressão na Europa, como a Espanha e Portugal. Seria importante ter uma combinação inteligente de países ibero-americanos e um programa de trabalho intenso para tornar realidade a conexão Mercosul e União Europeia.
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Entre as lideranças presentes na plateia da palestra de Aznar estava o ex-governador e ex-senador Jorge Bornhausen, que atuava na política quando o espanhol liderou seu país. Bornhausen disse que Aznar foi um espetacular presidente, que colocou a economia da Espanha no primeiro mundo.
Equipe econômica de Jorginho Mello
Em função de compromissos políticos devido à proximidade da eleição, o governador Jorginho Mello não acompanhou a visita de Aznar a SC. Mas a equipe econômica do governo catarinense acompanhou o evento e propôs uma aproximação maior entre SC e Espanha.
Participaram os secretários de Articulação Internacional, Paulo Bornhausen; Fazenda, Cleverson Siewert; Planejamento, Edgard Usuy; Indústria, Comércio e Serviços, Silvio Dreveck; o Procurador Geral do Estado, Márcio Vicari, e os presidentes da Invest SC, Renato Lacerda; da Celesc, Tarcísio Rosa e da SCGás, Otmar Müller.
– Fizemos uma apresentação geral do Estado, mostrando para ele as potencialidades e o que o governador Jorginho Mello pensa para a gestão estadual. Ele teceu comentários e deu sugestões. Falamos bastante de turismo. Deu para ver que ele é bastante entusiasta do turismo, ficou muito impressionado com as atrações de Santa Catarina – revelou o secretário Cleverson Siewert.
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